O ministro da Educação do Brasil, Milton Ribeiro, é a mais recente baixa do Governo de Jair Bolsonaro. A polémica envolve dois pastores, recomendados pelo Presidente, que terão pedido subornos em dinheiro.
Milton Ribeiro, ministro da Educação do Brasil, demitiu-se na sequência de um escândalo que envolveu a transferência de verbas do Ministério para municípios escolhidos por dois pastores evangélicos.
Em troca das transferências, os pastores exigiam dinheiro, barras de ouro e outros subornos aos autarcas.
O jornal O Estado de S. Paulo noticiou a existência de uma espécie de ministério paralelo, composto pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que distribuía verbas públicas a prefeitos conhecidos.
Depois, o Folha de S. Paulo revelou uma gravação onde o ministro admitia o esquema e revelava que tinha sido Bolsonaro a recomendá-lo.
Mais tarde, surgiram outras gravações de prefeitos a acusar os pastores de lhes pedirem dinheiro e ouro em troca da transferência das verbas. O Supremo Tribunal Federal autorizou a Procuradoria-Geral da República a abrir uma investigação.
Na semana passada, o jornal O Globo publicou relatos de prefeitos brasileiros que disseram ter recebido pedidos de suborno dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na forma da compra de livros e dinheiro para igrejas em troca de libertação de verbas públicas do Ministério da Educação destinadas à construção de escolas.
As acusações contra os pastores evangélicos e membros do Governo que atuavam em conjunto para alegadamente favorecer igrejas tornaram-se um escândalo no Brasil após a revelação do áudio em que o ministro da Educação, que também é pastor evangélico presbiteriano, assegura que o orçamento público da pasta que comanda teria entre as suas prioridades promover projetos de igrejas evangélicas ligados ao Governo.
“A minha prioridade é atender, em primeiro lugar, os municípios que mais precisam e, em segundo lugar, atender a todos aqueles que são amigos do pastor Gilmar“, disse Ribeiro em conversa veiculada pelo Folha de S.Paulo.
Entretanto, numa outra polémica, o ministro admitiu ter autorizado a produção e distribuição de Bíblias com a sua imagem.
“Em relação aos factos noticiados no dia de hoje, trago os seguintes esclarecimentos: autorizei em 2021 o uso de minha imagem para a produção de algumas Bíblias para distribuição gratuita em um evento de cunho religioso”, escreveu Milton Ribeiro no Twitter.
“Contudo, descobri no final de outubro de 2021 que Bíblias com minha imagem foram distribuídas em outros eventos sem a minha autorização”, acrescentou.
Em relação aos fatos noticiados no dia de hoje, trago os seguintes esclarecimentos: autorizei em 2021 o uso de minha imagem para a produção de algumas bíblias para distribuição gratuita em um evento de cunho religioso. [1/3]
— Milton Ribeiro (@mribeiroMEC) March 28, 2022
De acordo com O Estado de S. Paulo, os exemplares da Bíblia com fotografias do ministro foram distribuídos num encontro com prefeitos e secretários municipais organizado pelo Ministério da Educação em 2021, no estado brasileiro do Pará.
Milton Ribeiro afirmou ainda que atuou com diligência e de forma tempestiva para evitar o uso indevido da sua imagem e que enviou, em 26 de outubro de 2021, um ofício a desautorizar a distribuição dos exemplares da Bíblia, divulgando fotografias de documentos que alegadamente provariam as suas afirmações.
ZAP // Lusa
Pastores e igrejas… nunca falha!…