Armas, ameaças e carne contaminada. Negacionistas alemães tinham plano para matar governador

Da posse de armas de fogo a pedaços de carne “contaminados com covid-19 e Zyklon B”, negacionistas alemães tinham plano para matar um governador.

A polícia criminal da região da Saxónia, no leste da Alemanha, disse hoje estar a decorrer uma intervenção em Dresden, na sequência de alegadas ameaças de morte contra o presidente do estado.

Esta operação surgiu depois de jornalistas da cadeia pública de televisão ZDF se terem infiltrado num grupo de negacionistas na rede social Telegram, no qual teriam, de acordo com estas fontes, sido feitas ameaças de morte contra o ministro-presidente do estado da Saxónia, Michael Kretschmer (CDU, União Democrata-Cristã), favorável à vacinação.

“As declarações de alguns membros do grupo deixam entender que poderiam estar na posse de armas reais e de bestas”, adiantou a polícia, em comunicado.

Membros enviaram mensagens de áudio a apelar a outros membros para se oporem às medidas restritivas “com a força das armas, se necessário”.

Cinco homens e uma mulher são “suspeitos de preparar um ato de violência grave” e “planos de assassinato” contra Kretschmer, membro da conservadora CDU, e outras autoridades regionais, de acordo a polícia, citada pela Deutsche Welle.

As autoridades germânicas apreenderam armas de fogo e uma besta. Uma pessoa foi detida.

Em Berlim, vários políticos, jornalistas e instituições receberam cartas com ameaças por defenderem um projeto de vacinação obrigatória. Uma dezena de políticos alemães, incluindo quatro deputados, receberam cartas ameaçadoras onde é anunciada uma “resistência sangrenta” à vacinação obrigatória.

Os envelopes continham pedaços de carne embrulhados em papel de alumínio e com a menção de que estavam “contaminados pelos vírus covid-19 e Zyklon B”, gás usado pelos nazis para exterminar judeus.

Ainda no início deste mês, negacionistas desfilaram com tochas em frente à casa da secretária da Saúde da Saxónia.

O novo chanceler alemão Olaf Scholz garantiu esta quarta-feira mobilizar todos os meios do Estado contra “uma minoria de extremistas” antivacinas, depois de ameaças de morte contra o presidente do Estado da Saxónia.

“O que também existe na Alemanha atualmente é a negação da realidade, histórias de conspiração absurdas, desinformação deliberada e extremismo violento“, lamentou Scholz perante o Bundestag (Parlamento).

Desta forma, o novo chanceler prometeu respostas utilizando “todos os meios do Estado de direito democrático”.

“Vamos ser claros: uma pequena minoria no nosso país afastou-se da nossa sociedade, da nossa democracia, da nossa comunidade e do nosso Estado, e não apenas da ciência, da racionalidade e da razão”, descreveu Scholz.

ZAP // Lusa

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