Cientistas descobriram uma nova espécie de planta na emblemática Uluru, a rocha mais famosa da Austrália. Mas, curiosamente, estava escondida à vista de todos há muitos anos.
Ficus desertorum, ou figueira do deserto, foi o nome dado a esta nova planta que, até agora, se pensava ser uma subcategoria da espécie Ficus brachypoda, que se encontra muito no norte e centro da Austrália.
“O estudo cuidadoso das coleções guardadas em herbários por toda a Austrália, e com referência a espécimes históricos mantidos em herbários europeus, mostrou que as populações australianas centrais eram de facto morfologicamente distintas das populações mais a norte ou oeste”, disse, em comunicado, Russell Barrett, botânico do Instituto Australiano de Ciência Botânica.
O principal fator de diferenciação desta espécie são as folhas, que são mais lisas, estreitas e grossas do que as outras. Mas outra das características que se destaca, na opinião de Barrett, são as suas raízes. Sendo estas plantas famosas pelas longas raízes em busca de água, esta conseguiu “aperfeiçoar essa arte”.
“Foram encontradas raízes que seguem as fendas nas paredes do penhasco por mais de 40 metros para alcançarem a preciosa água que pode estar escondida nas suas profundezas. É assim que esta figueira do deserto persiste nas condições áridas do coração da Austrália”, explicou.
Na mesma nota, Barrett lembrou que estas plantas são uma “espécie incrivelmente significativa” para os povos das Primeiras Nações da Austrália central, não só servindo como alimento e abrigo, mas também sendo usada na sua espiritualidade.
“Esperamos que a descrição desta espécie com um novo nome científico aumente a sua proteção num ambiente tão árido. Embora esteja bastante difundida e não esteja ameaçada, só é encontrada em pequenas populações, portanto, mudanças no clima ou impactos localizados, como incêndios, podem ter impacto nesta espécie num futuro próximo”, notou.
Os cientistas identificaram-na no emblemático Uluru, o enorme monólito de arenito localizado no Território do Norte que é visitado por muitos turistas, mas também pode ser encontrada em paisagens elevadas da Austrália central, como Kata Tjuta (Monte Olga) e Karlu Karlu (Devils Marbles).
O seu novo nome científico foi formalmente descrito na revista científica Telopea.