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“Mushballs” no interior de Urano e Neptuno podem resolver um mistério atmosférico

Urano e Neptuno podem esconder mushballs – pedras de granizo, que contêm água e amoníaco – no seu interior, que podem explicar por que há tão pouco amoníaco no alto da atmosfera dos gigantes do gelo.

Todos os planetas gigantes do nosso Sistema Solar deviam ter a mesma quantidade de amoníaco. No entanto, em comparação com Júpiter e Saturno, Urano e Neptuno têm muito pouco.

Segundo o New Scientist, observações recentes da Juno, da NASA, mostraram que o amoníaco de Júpiter está enterrado muito mais profundamente no interior do planeta do que seria de esperar. Tristan Guillot, do Observatório de Nice, sugere que o mesmo pode acontecer em Urano e Neptuno, graças a mushballs.

Estas partículas podem transportar o amoníaco e a água até às profundezas da atmosfera do planeta. “A termodinâmica diz-nos que a formação de mushballs deveria ser mais eficiente em Urano e Neptuno”, explicou Guillot, na apresentação da sua investigação no Europlanet Science Congress, a 16 de setembro.

Como tanto Urano como Neptuno são mais frios do que Júpiter, é provável que as bolas de amoníaco líquido e água formem uma casca de gelo e se tornem viscosas. Segundo a equipa, podem cair como granizo na atmosfera, onde se escondem debaixo de uma espessa camada de nuvens.

Como podem acabar a centenas ou até milhares de quilómetros abaixo das nuvens, não é possível detetá-las a partir do solo.

“Precisamos mesmo de lá ir, e não apenas por causa das mushballs. Urano e Neptuno são um elo especialmente crítico para nos ajudar a compreender a diversidade de atmosferas que podem surgir em gigantes de gelo e exoplanetas gigantes para além do nosso Sistema Solar”, rematou Tristan Guillot.

Liliana Malainho, ZAP //

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