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Parkinson, Cancro e Diabetes Tipo 2 têm uma causa em comum

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Torsten Wittmann / Universidade da California

As mitocôndrias geram energia nas células

O papel da proteína Parkin no processo da mitofagia pode ser a chave no tratamento do Parkinson, cancro e diabetes tipo 2.

Há um elemento em comum que causa cancro, Parkinson e diabetes tipo 2: uma enzima. Quando as células estão sob stress, aciona-se uma proteína chamada Parkin que protege a mitocôndria, a parte da célula que gera energia.

Um estudo publicado este ano na Science Advances descobriu uma ligação entre o sensor do stress das células e a Parkin que está também associada à diabetes tipo 2 e ao cancro, o que pode abrir um caminho para tratar estas doenças.

O papel da Parkin é facilitar o processo da mitofagia, ou seja, desobstruir as mitocôndrias que tenham sido danificadas pelo stress celular para que novas as possam substituir. Quando se sofre de Parkinson, a proteína não é capaz de concluir a mitofagia.

Apesar de já se saber há algum tempo que a Parkin detecta o stress das mitocôndrias, ninguém sabia exactamente como este processo começava. A Parkin dirigia-se para as mitocôndrias depois dos danos, mas não se sabia qual era o sinal que a proteína recebia depois de chegar lá.

“As nossas descobertas representam de longe o passo mais inicial na resposta da Parkin que alguém já conseguiu encontrar até agora. Todos os outros eventos bioquímicos acontecem numa hora, nós encontramos algo que acontece em cinco minutos“, explica Reuben Shaw, professor e director do Centro de Cancro do Instituto de Salk e autor do estudo, à Sci Tech Daily.

“Descodificar este passo importante na forma como as células descartam mitocôndrias danificadas tem implicações em várias doenças”, acrescenta o investigador.

O laboratório de Reuben Shaw, conhecido pelos trabalhos sobre metabolismo e cancro, descobriu há 10 anos uma enzima, AMPK, que é altamente sensível a vários tipos de stress celular e que controla a autofagia ao activar uma outra enzima chamada ULK1.

Depois dessa descoberta, Shaw juntou-se à estudante Portia Lombardo para procurar proteínas relacionadas com a autofagia e directamente activadas pela ULK1 e ficaram surpreendidos quando a Parkin surgiu no topo da lista. Os processos bioquímicos envolvem normalmente muitos participantes, no entanto, a mitofagia é iniciada apenas com três, a AMPK, a ULK1 e a Parkin.

O novo estudo começa agora a explicar este primeiro passo importante na activação da proteína, que começa com um sinal da AMPK até à ULK1 e que depois ordena a Parkin para ir verificar a mitocôndria depois dos primeiros danos e removê-la completamente.

A AMPK é activada por uma proteína LKB1 que está associada a vários tipos de cancro e também por um medicamento para a diabetes tipo 2 chamado metformina. Doentes diabéticos que tomam metformina também têm menos risco de desenvolver cancro e este medicamento está também a ser estudado como uma opção para tratar o envelhecimento neurodegenerativo.

“A grande conclusão para mim é que o metabolismo e as mudanças na saúde das mitocôndrias são fundamentais no cancro, na diabetes e nas doenças neurodegenerativas. Isto porque os mecanismos gerais que sustentam a saúde das nossas células estão muito mais integrados do que alguém poderia ter imaginado“, conclui Reuben Shaw.

AP, ZAP //

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