Os melhores praticantes de mergulho livre podem sobreviver a níveis de oxigénio no cérebro mais baixos do que os encontrados em focas, mostra um novo estudo.
Alguns praticantes de mergulho livre – que usam apenas o ar contido nos pulmões – conseguem prender a respiração durante mais de quatro minutos e descer a profundidades de mais de 100 metros.
Para perceber como este feito extremo afeta o corpo humano, uma equipa de cientistas recorreu a um dispositivo biomédico desenvolvido pela empresa holandesa Artinis Medical Systems, conta o site Live Science.
Este dispositivo, normalmente usado para medir a função cerebral, dispara dois comprimentos de onda de luz de LEDs na testa dos mergulhadores para medir a frequência cardíaca e os níveis de oxigénio no sangue e no cérebro, e funcionou em profundidades de pelo menos 107 metros.
Segundo o mesmo site, os investigadores descobriram que os mergulhadores que alcançaram essas profundidades tiveram níveis de oxigénio no cérebro que caíram para níveis mais baixos do que os encontrados em focas. Alguns caíram até 25%.
Isto é “equivalente a alguns dos valores mais baixos medidos no topo do Monte Everest”, declarou, em comunicado, Chris McKnight, investigador da Universidade de St Andrews, na Escócia.
Geralmente, os níveis de oxigénio no cérebro humano andam à volta dos 98% e, se caírem para menos de 50%, é quase certo que a pessoa em questão irá perder a consciência.
A equipa também descobriu que os batimentos cardíacos dos mergulhadores caíram para 11 batimentos por minuto. À medida que começam a descer, os seus batimentos cardíacos começam a diminuir para ajudar a preservar os níveis de oxigénio no sangue.
De acordo com o mesmo comunicado, os batimentos cardíacos dos mergulhadores foram tão baixos quanto os de focas, baleias e golfinhos.
“Além das respostas fisiológicas excecionais que os mergulhadores apresentam e os extremos que conseguem tolerar, podem ser um grupo fisiológico muito informativo”, considerou McKnight.
“As suas reações fisiológicas são tão únicas e as condições às quais estão expostos não são facilmente replicáveis, por isso oferecem uma forma única de entender como o corpo responde aos baixos níveis de oxigénio no sangue e no cérebro e a uma severa supressão cardiovascular”, disse ainda.
O estudo foi publicado, no passado dia 28 de junho, na revista científica Philosophical Transactions of the Royal Society B.