Estudo indica que nova estirpe do vírus zika circula no Brasil e pode originar epidemia

Frank Hadley Collins / Sanofi Pasteur / Flickr

Fêmea de Aedes aegypti, mosquito que pode transmitir três doenças: zika, dengue e chikungunya

Uma nova linhagem do vírus zika foi detetada em circulação no Brasil e a possibilidade de uma nova epidemia ganhou mais força, informou esta quinta-feira a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), após a realização de um estudo.

São conhecidas duas linhagens do vírus zika: a asiática e a africana (subdividida em oriental e ocidental). Através de uma ferramenta que monitoriza as sequências genéticas do vírus, os cientistas do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia detetaram, pela primeira vez no país, um tipo africano do zika, com potencial para originar uma nova epidemia, noticiou a agência Lusa.

“A linhagem africana foi isolada em duas regiões diferentes do Brasil: no Sul, vindo do Rio Grande do Sul, e no Sudeste, do Rio de Janeiro”, informa o estudo da Fiocruz, maior centro de investigação médica da América Latina.

A distância geográfica e a diferença de hospedeiros do vírus (mosquito Aedes albopictus, da família do Aedes aegypt [transmite zika, dengue ou febre amarela] e uma espécie de macaco) sugerem que essa linhagem já está em circulação no país há algum tempo e pode ter potencial epidémico, uma vez que a maior parte da população não tem anticorpos para essa nova estirpe, informou o investigador Artur Queiroz, um dos autores do estudo.

Para Queiroz, a descoberta demonstra a utilidade da ferramenta, classificando-a como “um bom mecanismo de vigilância e alerta para a possibilidade de uma nova epidemia de zika”.

Já outra das autoras do estudo advogou que, apesar do novo coronavírus dominar a atualidade, o país não pode esquecer outras doenças que o afetam.

“Atualmente, com as atenções voltadas para a covid-19, este estudo serve de alerta para não esquecermos outras doenças, em especial a zika. A circulação do vírus no país, bem como a realização de estudos genéticos devem continuar a ser realizados a fim de evitar um novo surto da doença com o novo genótipo circulante”, disse Larissa Catharina Costa.

O estudo foi publicado no início do mês no International Journal of Infectious Diseases e serve como um alerta para a vigilância do vírus.

Nos primeiros meses de 2016, o vírus zika levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar emergência internacional. Cerca de 30 países relataram casos de bebés nascidos com malformações relacionados com o vírus zika e só no Brasil foram mais de 3.500 casos, segundo a Fiocruz.

O zika é disseminado principalmente através da picada de mosquito, mas o contágio também pode ocorrer através de relações sexuais e de mãe para o feto durante a gravidez. Para a maioria dos infetados, os sintomas são febre, urticárias e dores nas articulações.

De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro, este ano foram notificados 3.692 casos prováveis do zika no país. Contudo, essa situação pode mudar caso uma nova estirpe genética comece a circular na população.

// Lusa

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