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Com Camões na ponta da língua, Jesus rodou a equipa e sofreu para vencer

O Flamengo está cada vez mais perto do título, principalmente após a vitória deste domingo frente ao Grêmio. Com uma equipa desfalcada e desprovida de grande parte dos habituais titulares, Jorge Jesus sofreu, mas lá conseguiu a vitória.

O técnico português aproveitou a larga vantagem pontual para poupar alguns dos jogadores antes da primeira mão da final da Copa Libertadores, que joga este sábado em casa do River Plate.

Na Arena do Grêmio, a partida estava a ser bem disputada pelas duas equipas, até que, aos 37 minutos, o arbitro apontou para a marca dos 11 metros e deu grande penalidade ao Flamengo. Na conversão, Gabriel Barbosa não vacilou e deixou o ‘Fla’ na frente do marcador.

O Flamengo recostou-se no encontro e, no segundo tempo, praticamente só deu Grêmio. A situação azedou ainda mais quando ‘Gabigol’ acabou expulso. O avançado brasileiro aplaudiu ironicamente a decisão do árbitro em dar-lhe o primeiro amarelo, o juiz não gostou e acabou por lhe dar outro logo de seguida.

O emblema ‘rubro-negro’ apertou o cinto e a jogar com dez elementos conseguiu segurar a vantagem no marcador. Com este triunfo, Jesus reforça a liderança do Brasileirão, principalmente após o empate do Palmeiras em Bahia. Com o campeonato a aproximar-se do seu fim, o Flamengo leva 13 pontos de vantagem para o segundo classificado.

Afasta críticos e cita Camões

Na conferência de imprensa após a vitória, Jorge Jesus falou sobre as críticas de que tem sido alvo desde a sua chegada ao Brasil. Com humildade, o treinador português desvalorizou-as e disse que não veio para o Brasil para ensinar ninguém.

Eu vim para o Brasil para trabalhar, não vim para tirar o lugar a ninguém, nem para ensinar. Vim para trabalhar dentro de uma metodologia de jogo que tenho e que apresentei ao Flamengo. Não sou melhor nem pior do que nenhum treinador brasileiro e quero que percebam que o facto de eu estar aqui não quer dizer que esteja a denegrir ninguém ou mostrar que os brasileiros têm maior ou menor valor”, explicou.

Jorge Jesus, que também é acarinhado por muitos adeptos do Flamengo, relembrou a passagem de muitos treinador brasileiros por Portugal, que sempre foram tratados com respeito e consideração.

Sinceramente, não entendo estas mentes fechadas e espero que olhem para mim como colega de profissão, independentemente de ser português, argentino ou brasileiro“, reiterou.

Convidado a falar sobre os grandes escritores portugueses, Jesus mencionou os nomes de José Saramago e Fernando Pessoa. Além disso, referiu Camões, “que é histórico e me fez aprender algumas coisas e […] no último parágrafo de um livro dele escreveu a palavra inveja. Porque é um problema que muitas vezes acontece, como agora”.

“Leio muitos livros sobre basquetebol, andebol, mas futebol não, porque não preciso de saber o que os outros pensam. O treino é criatividade, toda a minha forma de trabalhar foi pensada pela minha cabeça. Não leio um livro sobre futebol“, rematou Jesus.

DC, ZAP //

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