Em dezembro do ano passado, parte do vulcão Anak Krakatoa colapsou no oceano. O tsunami resultante matou 430 pessoas e destruiu as casas de dezenas de milhares de habitantes.
Dois estudos divulgados no último mês procuram aprender mais para futuros desastres deste tipo. Um apresenta más notícias, sugerindo que versões ainda piores podem ser mais comuns do que pensávamos, mas o outro oferece esperança de que possamos melhorar a identificação de eventos futuros antes que ocorram.
Os danos dos eventos de 2018 foram suficientemente trágicos, mas o Anak Krakatoa incomoda os vulcanologistas por causo do seu potencial. A erupção de 1883 pelo Krakatoa original levou a 36 mil mortes e mudou o clima do planeta durante mais de um ano. Anak Krakatoa formou-se a partir dos restos mortais do primeiro vulcão.
A conclusão publicada no fim de agosto na revista especializada Geology é que mesmo eventos modestos podem ter consequências mais sérias. Usando imagens de radar por satélite que revelam a ilha através do fumo antes e depois do colapso, Rebecca Williams, da Hull University, calculou apenas 0,1 quilómetro cúbico a deslizar para o oceano no colapso inicial causador de tsunami – um terço do que esperava.
As estimativas anteriores incluíram o colapso da coroa e cratera do vulcão, mas Williams mostrou que foram perdidas durante vários dias subsequentes, em vez de um único evento dramático que desencadeou o tsunami.
Se uma quantidade tão modesta de rocha pudesse causar uma onda tão devastadora, quão pior teria sido se tudo tivesse acontecido de uma só vez? “Eu considero que os modelos estão a subestimar a capacidade ddestes deslizamentos de terra para fazer tsunamis maiores”, disse Williams à BBC. Com Krakatoa localizado entre as duas ilhas mais populosas da Indonésia, o perigo é enorme.
Prevenir tais desastres é quase certamente impossível, mas prever pode ser outra questão. Thomas Walter, do Centro Alemão de Pesquisa em Geociências, liderou uma equipa que procurava pistas negligenciadas pelo vulcão sobre o desastre iminente.
Num artigo publicado esta semana na revista especializada Nature, os cientistas relatam que “antes do colapso, o vulcão exibia um estado elevado de atividade, incluindo anomalias térmicas precursoras, um aumento na área da superfície da ilha e um movimento gradual em direção ao mar do seu flanco sudoeste”.
Alguns dos avisos chegaram demasiado tarde para serem úteis, como o pequeno terremoto dois minutos antes do colapso. No entanto, nos seis meses anteriores ao colapso, os sensores térmicos indicaram 100 vezes as emissões normais de calor e o movimento mais rápido dos flancos da ilha.
Vários sensores ao redor do vulcão captaram sinais de movimento e desgaseificação pouco antes do colapso, que individualmente não eram suficientes para emitir um alerta, mas analisados coletivamente poderiam ter fornecido o aviso necessário.
Uma semana depois do colapso, o vulcão Anak Krakatoa ficou com apenas um quarto do tamanho que tinha antes da erupção. O Anak Krakatoa tem agora um volume de 40 a 70 milhões de metros cúbicos, tendo perdido entre 150 e 180 milhões de metros cúbicos de volume.
A Indonésia está localizada no Anel de Fogo do Pacífico, um arco de linhas de falhas na Bacia do Pacífico com mais de 400 vulcões, dos quais pelo menos 129 ativos. A região, com grande atividade sísmica e vulcânica, regista cerca de sete mil terramotos por ano – na sua grande maioria moderados.