A gigante farmacêutica Purdue Pharma pediu proteção contra credores, sucumbido à pressão dos mais de 2600 processos judiciais de que é alvo, na sequência da crise dos opióides, nos Estados Unidos.
A farmacêutica com sede em Connecticut introduziu o opiáceo altamente viciante OxyContin no mercado dos EUA em 1996, o ponto de partida de uma crise que nas últimas duas décadas fez mais de 400 mil mortos por overdose e continua a matar 130 por dia, indica o jornal britânico The Guardian, citando dados do governo norte-americano.
O pedido de falência já era esperado, numa altura em que a empresa está a procurar a sua reestruturação. No final de agosto, anunciava-se que a Purdue seria reestruturada através da declaração de falência, o que a transformaria num fundo público, que continuaria a vender o inventário da empresa e também ofereceria tratamentos contra a adição, como a buprenorfina ou naxolona
Esperava-se também que os Sacklers contribuíssem com o valor da venda da multinacional Mundipharma, com um valor estimado em 1,5 mil milhões de dólares.
A farmacêutica, que pediu proteção no âmbito do capítulo 11 num tribunal em Nova Iorque, chegou a um acordo provisório para resolver ações judiciais com 24 estados e cinco territórios dos EUA, disse a empresa, citada pela Reuters.
No entanto, duas dezenas de estados permanecem do lado oposto ao acordo proposto, como por exemplo, Massachussetts, Nova Iorque e Connecticut, o que pode complicar o pedido de falência.
A confirmar-se o entendimento, a Purdue Pharma será a primeira de uma série de empresas farmacêuticas norte-americanas em litígio por causa da “epidemia” dos opiáceos a fechar um acordo.
No final de agosto, um tribunal condenou o grupo Johnson & Johnson a pagar 572 milhões de dólares ao estado norte-americano de Oklahoma.