Os cientistas que viajem até ao Espaço profundo podem vir a sofrer de problemas neuronais e/ou comportamentais devido à radiação.
Uma nova investigação, levada a cabo em ratos de laboratório, concluiu que a radiação presente no Espaço profundo causa deficiências neuronais.
De acordo com o novo estudo, cujos resultados foram esta semana publicados na revista científica especializada e-Neuro, os resultados obtidos com as cobaias destacam a necessidade urgente de desenvolver medidas para proteger o cérebro humano durante viagens ao Espaço profundo, enquanto os cientistas se preparam para ir a Marte.
Tal como recorda a agência noticiosa Europa Press, os cientistas sabiam já que a radiação interrope a sinalização, bem como outros processos que ocorrem no cérebro. Contudo, os estudos conduzidos anteriormente usaram exposições que não refletem com exatidão as condições sentidas no Espaço profundo.
Para explicar melhor como é que as viagens espaciais podem afetar o sistema nervoso, Charles Limoli e os seus colegas expuseram os ratos de laboratório a radiação crónica de baixa dose (condições presentes no Espaço profundo) durante seis meses.
Após o procedimentos, os cientistas concluíram que a exposição à radiação prejudicava a sinalização celular no hipocampo e no córtex pré-frontal, resultando em problemas de memória e também de aprendizagem. A equipa observou ainda um aumento nos comportamentos de ansiedade, o que indicia que a radiação afetou também a amígdala.
Partindo destes resultados, a equipa prevê que, durante uma missão no Espaço profundo, cerca de um em cada cinco astronautas possam experimentar um comportamento de ansiedade, enquanto um em cada três poderá ter problemas de memória.
Além disso, frisam, estas condições podem ainda afetar a tomada de decisões. Por isso, insistem, é necessário desenvolver medidas para proteger os cérebros dos astronautas.
“A longo prazo, a natureza do ambiente de radiação no Espaço não determinará os nossos esforços para viajar até Marte, mas pode ser o maior obstáculo que a Humanidade deve resolver para viajar para lá da órbita da Terra”, pode ler-se no estudo.
Face à descoberta, o professor Francis A. Cucinotta, da Universidade de Nevada, em Las Vegas, nos Estados Unidos, mostrou-se cético quanto às descobertas, dando conta que estas podem ser enganosas e que excedem os limites fixados pela NASA.
“Não há como um astronauta ficar exposto a esta fonte de energia de neutrões ou a doses equivalentes utilizadas. Isso violaria os limites de dose da NASA e das outras agências espaciais”, apontou ao portal Newsweek, questionando ainda por que motivos os cientistas recorreram a uma linhagem de cobaias conhecida por ser sensível a alterações climáticas.