O australiano Brenton Tarrant, apontado como o autor do ataque terrorista do mês passado em duas mesquitas de Christchurch, na Nova Zelândia, vai ser submetido a duas avaliações para determinar o seu estado mental. O homem enfrenta 50 acusações de homicídio e 39 de tentativa de homicídio.
Segundo avançou esta sexta-feira o Expresso, o juiz Cameron Mander deliberou que os testes vão determinar se o suspeito, de 28 anos, está apto a ser julgado ou se é considerado louco.
Brenton Tarrant, que compareceu à curta audiência de tribunal por videoconferência a partir da prisão, ouviu o juiz e não fez quaisquer comentários. O magistrado manteve-o sob custódia e agendou para 14 de junho a sua próxima aparição em tribunal.
O suspeito está detido em regime de isolamento na Prisão de Auckland, em Paremoremo, considerada a mais dura da Nova Zelândia. Brenton Tarrant foi preso a 15 de março pelo seu envolvimento no ataque na mesquita de Al Noor e no Centro Islâmico de Linwood.
Na audiência do dia seguinte ao ataque, o suspeito recusou ser representado por um advogado e disse que planeava defender-se a si mesmo durante o julgamento. O homem permaneceu lúcido e sem mostrar qualquer tipo de arrependimento, indicou então o advogado Richard Peters, inicialmente designado para o defender.
Richard Peters afirmou que o réu não parecia ser mentalmente instável, apesar de expressar a sua ideologia extremista. De acordo com o advogado, Brenton Tarrant procura usar o processo para fazer eco da sua ideologia.
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, ordenou na semana passada a abertura de um inquérito ao ataque. Uma comissão real, o mais alto nível de inquérito independente no país, vai investigar se a polícia e os serviços de informação poderiam ter feito mais para evitar os tiroteios, revelou a chefe de Governo.
Jacinda Ardern esclareceu que o inquérito vai investigar igualmente questões relacionadas com o acesso a armas semi-automáticas e o papel que as redes sociais desempenharam no ataque. Parte dos tiroteios foi transmitido em direto pelo suspeito na Internet.
Em menos de uma semana após o ataque, Jacinda Ardern anunciou a proibição da venda de todas as armas de assalto e semi-automáticas. “A 15 de março, a nossa história mudou para sempre. Agora, as nossas leis também vão mudar”, disse.
A nova legislação, cuja proibição se aplica também às peças usadas para converter armas comuns em semi-automáticas de estilo militar, deverá entrar em vigor no próximo dia 11.