May sofre nova derrota. Parlamento britânico assume negociações do Brexit

Stephanie Lecocq / Lusa

Theresa May, primeira-ministra britânica

O Parlamento britânico vai assumir o controlo das negociações do Brexit, após a votação favorável da Emenda Letwin, que retira o controlo ao Governo. May tinha antes admitido que não conseguiu reunir votos suficientes para levar o acordo de saída da UE ao Parlamento.

As tensões já estavam a escalar neste sentido, com Theresa May a sair novamente derrotava em Westminster. O Parlamento britânico não se mostrou satisfeito com os outros dois acordos negociados pela primeira-ministra e, esta terceira vez, não foi exceção. May apresentou-se no Parlamento para reconhecer que não angariou votos suficientes para levar o acordo avante.

“É com grande pesar que tive que concluir que, da maneira como as coisas estão, ainda não há apoio suficiente na Câmara para trazer de volta o Acordo para um terceiro ‘voto significativo'”, afirmou Theresa May.

A líder britânica destacou que “uma saída sem acordo é melhor que um mau acordo“, apelando à confiança do Parlamento nas negociações que decorrem com Bruxelas. May lembrou que as alternativas que o Parlamento tem, os chamados “votos indicativos”,  não são vinculativas e que não pode comprometer o Governo a aceitá-las.

“Nenhum Governo pode passar um cheque em branco sem saber o que se vai aprovar”, acrescentou. A preocupação era crescente em conseguir um acordo sólido do Brexit, quando restavam apenas quatro dias até à data originalmente estabelecida para a saída do Reino Unido da União Europeia.

Os esforços de Theresa May em procurar os votos que lhe faltavam acabou por ser em vão. A Emenda Letwin foi votada em parlamento, esta segunda-feira, retirando o poder ao Governo de May de liderar a saída da UE. Feita a contagem, foram 329 votos a favor e 302 contra.

Ainda antes da votação, o secretário da Economia Richard Harrington, o ministro dos Negócios Estrangeiros Alistair Burt e o ministro da Saúde, Steve Brine, demitiram-se para votar a favor da proposta de Letwin.

Letwin, líder da proposta interpartidária, salientou que o objetivo desta emenda seria chegar a “uma opinião maioritária, não um unicórnio ou uma proposta ridícula que contradiga completamente o senso comum”.

O governo de Theresa May estava contra a emenda, que classifica como “um mau precedente”, que poria em causa “o equilíbrio das instituições democráticas”. Jeremy Corbyn apoiou Letwin considerando o trabalho do governo uma “vergonha nacional“.

“Depois de dois anos de falhanço e promessas quebradas, a primeira-ministra finalmente aceitou o inevitável e pediu uma extensão”, afirmou o líder trabalhista. “Mas continuamos a enfrentar a possibilidade de um Brexit sem acordo”. O deputado Bill Cash, do partido de Theresa May, considerou o voto uma “revolução constitucional“.

Esta quarta-feira está marcada a votação de alternativas aos antigos planos, que segundo a CNN, podem levar à convocação de um segundo referendo. A ideia não é nova e, com a queda do Governo das negociações, ganha uma nova força. Ainda no passado sábado, cerca de um milhão de pessoas se manifestaram, em Londres, em defesa da permanência do Reino Unido na UE.

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