Numa altura em que Theresa May somou mais uma derrota no âmbito dos seus planos para a saída do Reino Unido da União Europeia, há novos dados preocupantes sobre o Brexit. Ainda antes de a saída se consumar, a economia britânica já está a perder 906 milhões de euros por semana.
Este número é avançado pelo economista Gertjan Vlieghe que integra o Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra em declarações divulgadas pelo jornal The Guardian.
O economista destaca que desde o referendo que aprovou o Brexit em Junho de 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido desceu 2%, enquanto que a nível mundial esse factor económico experimenta um crescimento sem precedentes na última década.
“Esses 2% do PIB não é um número banal, são 40 mil milhões de libras ou, se preferirem, os números em ‘autocarros’, 800 milhões por semana”, destaca Gertjan Vlieghe, referindo-se aos cartazes que foram colocados em camionetas pelos defensores do Brexit, durante a campanha pré-referendo, e que prometiam a entrada de milhões no país depois da saída da União Europeia (UE).
Mas o cenário real, e ainda só com a possibilidade do Brexit na equação, diz o contrário. Segundo Vlieghe, o Brexit já custa ao Reino Unido 40 mil milhões de libras (45 mil milhões de euros) por ano, o que dá algo como 800 milhões de libras (906 milhões de euros) por semana.
A possibilidade de a saída da UE se dar sem acordo pode agravar ainda mais o cenário, alerta Vlieghe. Especialistas económicos já avisaram também que este cenário de “hard Brexit” pode ser tão grave para a Europa como a falência do Lehman Brothers foi em 2008.
Outro factor financeiro com índices negativos é o investimento que se situa, nesta altura, ao nível do zero, com uma queda de 3,7% em 2018. Mais um indicador que contrasta com a realidade externa, onde, por exemplo, nos países do G7 o investimento apresenta um ritmo de crescimento de 6%.
May soma mais uma derrota
Entretanto, o processo do Brexit continua num impasse, com a primeira-ministra Theresa May a somar mais uma derrota no Parlamento britânico, depois de ter visto uma nova moção chumbada com 303 votos contra e apenas 258 a favor.
Esta moção pretendia apenas obter o apoio à abordagem de May para a saída da UE, mas é óbvio que a estratégia da primeira-ministra não é consensual.
Nos últimos dias, Theresa May telefonou a vários lideres europeus, incluindo ao primeiro-ministro português, António Costa, para tentar sensibilizá-los para a necessidade de alterações no acordo de saída da UE.
May falou também com o Presidente francês, Emmanuel Macron, com o chanceler austríaco, Sebastian Kurz, e recebeu o chefe do governo de Malta, Joseph Muscat, em Downing Street.
“A primeira-ministra falou do empenho do Governo em fazer passar um acordo e apresentou a situação no Parlamento [britânico], onde existe um apoio amplo ao acordo, embora sejam precisas alterações legais vinculativas para o conseguir fazer passar”, adianta uma fonte do Governo britânico à Lusa.
O Brexit está num impasse, depois de o Acordo de Saída negociado por Londres com Bruxelas ter sido rejeitado no Parlamento britânico por uma margem de 230 votos.
A saída do Reino Unido da UE está marcada para 29 de Março, fim do prazo de dois anos previsto no artigo 50.º do tratado europeu para o processo de negociações.
ZAP // Lusa