Arqueólogos descobriram a mais antiga sepultura humana conhecida na América Central: os restos mortais de uma mulher misteriosa que viveu há 5.900 anos no que hoje é o Nicarágua.
Regiões tropicais não preservam bem os restos mortais humanos, mas, neste caso, os ossos da mulher permaneceram intactos devido ao local onde foi enterrada.
“Foi enterrada num monte de conchas, o que reduziu a acidez do solo e ajudou a preservar os restos mortais”, disse Mirjana Roksandic, antropóloga na Universidade de Winnipeg, no Canadá, e líder do estudo publicado em dezembro na revista Antiquity.
É incrivelmente raro encontrar antigos restos mortais humanos na costa do Nicarágua, um país com cerca de 6 milhões de pessoas que é a segunda nação mais pobre do hemisfério ocidental
Mas Roksandic e sua equipa – que estudam os povos antigos que viviam em Cuba – receberam uma dica de um colega antropólogo de que poderia haver algo que valesse a pena investigar em Monkey Point, uma aldeia costeira no sul do Nicarágua. “Fiquei encantada e fui lá imediatamente visitar o local e examinar a sepultura”, contou Roksandic.
O local exato, conhecido como Angi, foi originalmente escavado na década de 1970. Mas os ossos da misteriosa mulher não foram encontrados até recentemente.
Os antropólogos descobriram que a mulher estava a 2,3 metros abaixo da superfície. Quando perceberam que tinham descoberto ossos humanos, os cientistas imediatamente receberam permissão das comunidades locais de Rama e Kriol para continuar o trabalho.
De seguida, descobriram que a mulher tinha sido enterrada num poço oval e raso. Estava de costas, com as pernas flexionadas em direção ao estômago e os braços ao longo dos lados do corpo.
Uma análise revelou que a mulher era adulta, mas não particularmente velha – provavelmente entre 25 e 40 anos de idade. A mulher tinha 1,50 metros de altura, o que é curto para os padrões norte-americanos e europeus do norte, “mas não para os padrões da América Central e outras populações do sul”, observou Roksandic.
Apesar da pequena estatura da mulher, ela “desenvolveu fortemente a musculatura do antebraço – possivelmente por causa de remo ou atividades semelhantes”, disse Roksandic. Ainda hoje, os habitantes locais são adeptos de remo.
Dado que poucos restos humanos antigos são encontrados em lugares tropicais, pouco se sabe sobre as culturas indígenas da América Central. Enquanto os povos antigos que constroem conchas são frequentemente pescadores e horticultores, “sem um estudo mais aprofundado do local, não será possível determinar quem eram, porque a sepultura foi colocada ali e qual é o significado deste indivíduo em particular”, explicou Roksandic.
Os restos mortais da mulher estão atualmente alojados no Museu Cultural Histórico CIDCA. As comunidades locais, que estão a trabalhar com os antropólogos sobre como preservar a sua herança, decidirão o que acontecerá de seguida.
ZAP // Live Science