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Cientistas desenvolvem tratamento para infeções ósseas que cura a patologia e regenera o osso

Marcos Santos / USP

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Investigadores do Porto estão a desenvolver um tratamento para infeções ósseas graves, com compósitos bioativos e um antibiótico, que regenera o osso ao mesmo tempo que cura a infeção e evita intervenções cirúrgicas consecutivas, recorrentes na terapêutica convencional.

Esta solução, orientada para doentes com osteomielite – uma infeção óssea que ocorre quando bactérias ou fungos invadem um osso -, transporta e liberta, de forma controlada, o antibiótico para o local afetado, explicaram os investigadores do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S), Susana Sousa e Fernando Jorge Monteiro, líderes do projeto Hecolcap.

Após a eliminação da infeção, o biomaterial promove o recrutamento, a ligação e a proliferação de células ósseas, resultando num aumento de formação óssea e na redução do tempo de recuperação do paciente, explicaram.

O tratamento tradicional da osteomielite, segundo os investigadores, passa, primeiramente, por uma intervenção cirúrgica na qual é feito o desbridamento – remoção do tecido morto – da zona afetada pela infeção.

A par desta intervenção, os pacientes são submetidos a um tratamento para eliminar as bactérias que tenham originado a infeção, através da administração de antibióticos, o que, na grande maioria dos casos, obriga a um internamento hospitalar durante períodos prolongados.

“A taxa de sucesso desta administração mostra que em 40% dos casos ocorre recorrência da infeção, o que obriga a que este ciclo de administração do antibiótico se prolongue, com danos colaterais importantes e custos muito elevados para os serviços hospitalares”, referiram.

De seguida, a cavidade criada é preenchida com materiais que ajudam à regeneração do osso, o que cria a necessidade de uma nova intervenção, com novos riscos de infeção associados.

De acordo com os responsáveis, embora o medicamento disponível no dispositivo não dispense a primeira intervenção cirúrgica, substitui a administração intravenosa do antibiótico por uma administração única e localizada, com uma concentração mais elevada mas que, no total, corresponde a uma quantidade global menor de fármaco.

No tratamento convencional, o antibiótico é disperso por todo o organismo, em quantidades muito elevadas, mas com uma eficácia reduzida visto que só chega ao local afetado uma percentagem relativamente pequena.

Com o dispositivo do Hecolcap, apesar de o paciente ter que ser seguido de perto em regime ambulatório, pode voltar para o seu ambiente mais rapidamente, o que, segundo os investigadores, acrescenta uma grande melhoria na sua qualidade de vida.

Para os clínicos, a possibilidade de verem os seus pacientes a entrar, sucessivamente, em ciclos de recorrência, também é “francamente diminuído”.

Até ao momento, a equipa já efetuou estudos ‘in vitro’, com resultados “muito positivos” quanto à eficiência na libertação controlada do antibiótico e “total sucesso” na extinção completa da infeção, num período entre 14 e 21 dias.

Esses estudos em laboratório demonstraram também resultados positivos em relação à capacidade de criar atividade significativa nas células responsáveis pela formação de osso novo, após a libertação total do fármaco, o que revela capacidade de regeneração.

Relativamente aos estudos ‘in vivo’, já têm resultados preliminares que demonstram sucesso no tratamento, após a indução de osteomielite em ratazanas, estando em curso ensaios com animais de grande porte.

// Lusa

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