Há mais um caso reportado de um jovem vítima do jogo “Baleia Azul”, em Portugal. Como resposta a este jogo suicida, já foi criado o “Baleia Rosa” para promover uma “corrente do bem”.
Depois da notícia de uma jovem de 18 anos que terá saltado de um viaduto, em Albufeira, suspeitando-se que seguiu as regras do jogo “Baleia Azul” que incita jovens à auto-mutilação e ao suicídio, há mais um caso reportado em Portugal.
Um adolescente de Sines foi, recentemente, transportado para o Hospital de Setúbal com cortes num braço que fontes dos bombeiros e da GNR relacionam com o jogo que é propagado através da Internet.
O jovem de 15 anos tinha “desenhado” uma baleia num braço, com um objeto cortante, o que constitui uma das tarefas do jogo, disse à Lusa fonte dos bombeiros.
O caso foi comunicado à CPCJ (Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens), salienta uma fonte da GNR de Sines à Lusa.
“Os pais estiveram em contacto com a CPCJ e depois a CPCJ e a GNR acharam melhor encaminhar [o jovem] para o hospital”, disse a mesma fonte, não revelando mais pormenores para assegurar a “reserva da intimidade” e a “confidencialidade médica”.
“Felizmente não foram coisas muito graves, até porque se detetou a situação numa fase precoce, sem se avançar muito nesse ‘esquema’ de jogo, não foram infligidos a ele próprio ferimentos muitos graves, nada de muito relevante”, acrescenta a mesma fonte, explicando que a situação “é semelhante” aos passos do jogo “Baleia Azul” que têm sido descritos na imprensa.
Este caso já aconteceu há cerca de um mês e a GNR de Sines não tem, até ao momento, conhecimento de mais situações, mas frisa que “está atenta à problemática“.
Desafio final é o suicídio
As origens do “Baleia Azul” não são claras, mas terá começado numa rede social da Rússia, onde suicídios de mais de uma centena de jovens podem estar relacionados com o jogo.
Os jovens são compelidos a seguir os 50 passos do jogo, provando que completaram cada desafio com fotografias que enviam ao curador, a pessoa que o incita, que lhe envia filmes de terror e músicas psicadélicas para ouvir de madrugada, impedindo-os de dormir, numa rotina comparada ao filme de Stanley Kubrick “Laranja Mecânica” (1971).
O jogo é divulgado quase exclusivamente através de mensagens via telefone.
No Brasil, onde têm surgido vários casos de vítimas, os convites para participar no jogo chegam através de mensagens no WhatsApp.
Os últimos dados indicam que, pelo menos, 10 adolescentes brasileiros já perderam a vida, em vários estados, no âmbito do “Baleia Azul”.
Em páginas na Internet, há milhares de fotografias e vídeos sobre os desafios e outras tantas referências nas redes sociais.
O jogo começará com o desafio de a pessoa escrever “F57” na palma da mão, com uma faca, enviando de seguida uma fotografia ao curador. Na rede social Twitter, são milhares também as referências que aparecem quando se escreve “F57”.
Os desafios incluem acordar às 04:20 e subir a um telhado ou a uma ponte, cortar os lábios e falar com outros jogadores. O desafio 50 (o último de 50 dias) é o suicídio, da forma que o curador indicar.
O curador pode ser acusado do crime de incentivo ao suicídio (artigo 135 do Código Penal) e punido com pena de prisão de um a cinco anos.
Autor do jogo à espera de julgamento
O russo Philip Budeikin, de 21 anos, já foi detido por ser, alegadamente, o líder do grupo que criou este jogo suicida que se aproveita dos momentos de vulnerabilidade dos mais jovens.
A investigação iniciou-se depois de duas adolescentes, de 15 e 16 anos, se terem suicidado ao saltar de um prédio na Sibéria.
Budeikin já estaria identificado pelas autoridades por ter cometido outros crimes online e está preso desde 2015, à espera de julgamento.
Brasileiros criaram a versão “Rosa” do jogo
No Brasil, surgiu agora o movimento “Baleia Rosa” que pretende lutar contra a versão “Azul”, promovendo “uma corrente do bem”.
Criado por um grupo de publicitários brasileiros, este novo jogo desafia os mais jovens a praticarem boas acções, como ligarem aos avós, pedirem desculpas a alguém que tenham ofendido ou ajudarem uma vítima de bullying.
Promove ainda a auto-estima dos jovens envolvidos, levando-os a olhar o espelho e a agradecerem pela vida que têm, a sorrirem ou a evitarem palavras negativas.
“Fomos lendo a lista da Baleia Azul e tentamos fazer o extremo oposto”, explica ao site Estadão uma das publicitárias que criou o “Baleia Rosa”.
O jogo também visa levar os jovens a falarem dos seus problemas e os autores disponibilizam a ajuda de um psicólogo, quando há situações graves.
PSP aconselha os pais
Entretanto, a PSP informa, num comunicado enviado à Lusa, que tem “conhecimento” e que está “a monitorizar este fenómeno que pode afetar crianças e jovens em território nacional”.
“Aconselha-se os pais a manterem-se informados relativamente ao jogo e a alertar as crianças e jovens para as suas implicações”, avisa ainda a PSP, notando que “deve existir uma maior supervisão e monitorização das atividades dos filhos na Internet e nas redes sociais”.
A PSP sugere que os pais alertem as crianças para riscos de adicionarem desconhecidos nas redes sociais e que, em caso de suspeitas, devem alertar a polícia.
A porta-voz da PSP, comissária Cláudia Andrade, acrescentou à Lusa que a polícia está também a trabalhar junto das escolas, através do programa Escola Segura, para aconselhar crianças e jovens para os riscos do jogo.