A sonda Cassini, em órbita de Saturno desde 2004, prepara manobras para entrar na atmosfera do planeta gigante gasoso a 15 de setembro, informou esta quarta-feira a agência espacial norte-americana NASA.
A primeira manobra começará com uma última aproximação a Titã, uma das luas de Saturno, a 22 de abril. Dotada de 12 instrumentos científicos, a sonda vai efetuar, a 26 de abril, a primeira descida ao espaço inexplorado de 2.400 quilómetros que separa o planeta dos seus anéis.
“Nenhuma sonda se aventurou nesta região única que vamos tentar atravessar 22 vezes”, explicou o adjunto da direção das missões científicas da NASA, Thomas Zurbuchen.
Segundo o investigador, a informação recolhida a partir das últimas trajetórias da Cassini poderá permitir uma melhor compreensão da formação e da evolução dos planetas gigantes e dos sistemas planetários em geral.
Importantes descobertas foram feitas graças à sonda, como a da existência de um vasto oceano sob a superfície gelada da lua Encélado e de mares de metano líquido em Titã.
A equipa espera obter dados sobre a estrutura interna de Saturno e a origem dos seus anéis, assim como imagens sem precedentes das neblinas saturnianas.
Quando entrar na atmosfera do planeta, a sonda continuará a transmitir informação a partir de muitos dos seus instrumentos, nomeadamente sobre a composição da atmosfera, até à perda do seu sinal.
Lançada no espaço há cerca de 20 anos, a sonda deve o seu nome ao astrónomo italiano Giovanni Cassini, que descobriu quatro luas de Saturno e observou a divisão de anéis do planeta.
Grande final
A NASA vai ter que decidir qual a melhor maneira de terminar a missão a Saturno, uma vez que a Cassini já não tem muito combustível. Mas o começo do fim para a Cassini é, em muitos aspetos, uma missão inteiramente nova.
Usando a perícia obtida durante os muitos anos da missão, os engenheiros da Cassini projetaram um plano de voo que maximiza o valor científico de enviar uma sonda até ao seu fatídico mergulho no planeta no dia 15 de setembro.
À medida que dá início às suas órbitas finais, durante os próximos cinco meses a missão vai acumular uma lista impressionante de feitos científicos.
“Esta conclusão planeada da viagem da Cassini foi, de longe, a escolha preferida dos cientistas da missão,” explica Linda Spilker, cientista do projeto Cassini no JPL da NASA em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia. “A Cassini fará algumas das suas mais extraordinárias observações no final da sua longa vida.”
A Cassini vai fazer a transição para as órbitas do seu grande final, com um último “flyby” pela lua gigante de Saturno, Titã, no dia 22 de abril, sábado.
Tal como o fez muitas vezes ao longo da missão, a gravidade de Titã vai curvar a rota de voo da Cassini. A órbita da Cassini irá então encolher até que em vez de fazer a sua maior aproximação de Saturno, mesmo para lá dos anéis, começará a passar entre o planeta e a orla interna dos seus anéis.
Em meados de setembro, após um distante encontro com Titã, o percurso da nave será dobrado o suficiente para fazer com que mergulhe no planeta.
Quando a Cassini fizer o seu mergulho final na atmosfera de saturno, no dia 15 de setembro, enviará dados de vários instrumentos – principalmente dados sobre a composição atmosférica – até que o seu sinal seja perdido.
// Lusa