Poluição atmosférica mata mais de 6 mil pessoas por ano em Portugal

(dr) Espen Rasmussen

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A poluição do ar causou mais de 6.600 mortes prematuras em Portugal, em 2013, e no ano seguinte somente um local tinha um poluente acima dos limites fixados pela União Europeia, revelou a Agência Europeia do Ambiente.

O relatório sobre qualidade do ar da Agência Europeia do Ambiente (EEA) divulgado esta quarta-feira, refere que, em 2013, a exposição a partículas finas PM2.5, a ozono e a dióxido de azoto originaram 6.640 mortes prematuras em Portugal.

Este número é mais elevado que as 6.190 mortes estimadas em 2012, para Portugal.

As partículas finas – que podem provocar ou agravar doenças respiratórias e cardiovasculares – associam-se a 6.070 mortes, o ozono a 420 e o dióxido de azoto a 150.

No total dos 28 Estados membros da União Europeia (UE), o número de mortes prematuras atribuídos a poluentes atingiu 520.000 em 2013, sendo 436.000 relacionadas com as partículas finas.

O número de mortes devido às concentrações de partículas finas é mais elevado na Alemanha, com 73.400, seguida da Itália, com 66.630.

O documento da EEA apresenta ainda dados de 2013 recolhidos nos Estados membros e analisa as concentrações de partículas inaláveis (PM10) e PM2.5, ozono e dióxido de azoto, poluentes que podem causar problemas de saúde, cardíacos, respiratórios e cancro.

A análise efetuada mostra que, em 2014, cerca de 85% da população urbana da UE estava exposta a partículas finas em níveis que afetam a saúde, nomeadamente doenças cardiovasculares, asma e cancro do pulmão, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A EEA refere ainda que as emissões de PM2.5 relacionadas com a queima de carvão e de biomassa nas habitações, assim como na área comercial e em edifícios institucionais não desceu para “níveis significantes”.

Por outro lado, as emissões de amoníaco resultantes da atividade agrícola “continuam altas”.

O diretor executivo da EEA, Hans Bruyninckx, citado no relatório, salienta que a redução de emissões levou a melhorias na qualidade do ar na Europa, mas “não o suficiente para evitar inaceitáveis efeitos” na saúde humana e no ambiente.

Para o responsável, é necessário atacar as causas da poluição do ar o que exige uma “transformação fundamental e inovadora” na mobilidade, energia e sistemas de alimentação.

O relatório conclui ainda que, em Portugal, as emissões de PM2,5 caíram 22% entre 2005 e 2014 e as de óxido de azoto 38% – mas 2015 não confirma esta tendência no país.

“É verdade que a poluição estava a diminuir até 2014, mas no ano passado a qualidade do ar piorou no nosso país”, alertou ao Expresso o engenheiro do ambiente e dirigente da associação ambientalista Zero, Francisco Ferreira.

“Houve um conjunto de ultrapassagens significativas de valores-limite de qualidade do ar, sobretudo devido às condições meteorológicas e ao aumento do tráfego automóvel potenciado pela descida dos preços dos combustíveis e pela sensação recuperação económica pós-crise”, sublinhou.

/Lusa

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