Cinquenta e duas pessoas morreram, no domingo, durante um festival no sul de Adis Abeba, na Etiópia, quando a polícia lançou gás lacrimogéneo para conter protestos contra o Governo e provocou um movimento de pânico generalizado.
As mortes aconteceram durante o Irreecha, um festival tradicional do povo Oromo, que se celebra todos os anos no início da primavera.
Segundo o Governo, na origem das mortes está a violência de “forças irresponsáveis” – a oposição já disse que há pelo menos uma centena de vítimas.
O festival de ação de graças juntou milhares de pessoas nas margens do Lago Harsadi, sagrado para o povo Oromo.
Na altura muitos participantes mostraram os braços cruzados acima da cabeça, um gesto que se tornou um símbolo da contestação dos Oromo face às autoridades etíopes.
O gesto foi celebrizado nos jogos olímpicos do Brasil quando o atleta etíope Fevisa Lilesa o fez ao conquistar o segundo lugar na maratona, para chamar a atenção para a repressão contra a sua etnia, que é maioritária (34,49 por cento da população, segundo dados de 2007) mas que não está no poder.
A cerimónia descambou quando líderes Oromo que estão ao lado do Governo foram atacados pela multidão.
Os manifestantes também lançaram pedras e garrafas contra as forças de segurança, que responderam com golpes de bastão e com gás lacrimogéneo.
O gás provocou um movimento de pânico e pelo menos cinquenta pessoas caíram umas sobre as outras numa vala profunda, disse um jornalista da France Press presente no local, que viu vários corpos, sem poder precisar o número.
A polícia também disparou, não tendo sido possível determinar se usou balas reais ou de borracha, mas o Governo regional garante que todos os mortos se deveram ao movimento de pânico e não à ação da polícia.
/Lusa