A sonda Juno, da NASA, entrou na órbita de Júpiter esta madrugada. A agência espacial norte-americana espera com esta missão perceber as origens do maior planeta do sistema solar.
A nave, um observatório espacial não tripulado e movido a energia solar, entrou com sucesso na órbita de Júpiter durante uma manobra com a duração de 35 minutos, cinco anos depois de ter iniciado a sua viagem rumo ao planeta.
“Estamos lá. Estamos em órbita. Conquistámos Júpiter”, afirmou aos jornalistas Scott Bolton, que lidera a missão. “A diversão começa agora – a ciência”, afirma.
O centro de controlo indicou que, conforme previsto, a nave foi capturada pela gravidade do maior planeta do sistema solar, depois de ter recebido a confirmação do sucesso da operação pelas 4h53 (hora de Lisboa).
“O Dia da Independência é sempre algo para comemorar, mas hoje podemos adicionar ao aniversário da América outra razão para celebrar – a Juno está em Júpiter,” afirma Charlie Bolden, administrador da NASA.
“Com a Juno, vamos mergulhar no desconhecido das grandes cinturas de radiação de Júpiter para investigar não só as profundezas do interior do planeta, como também a formação e evolução de todo o nosso Sistema Solar.”
A sonda Juno, que foi lançada em agosto de 2011, deslocou-se a uma velocidade de mais de 130 mil milhas por hora (209.200 quilómetros por hora) em direção àquele que é considerado o planeta “rei” do sistema solar.
Manobra delicada
A entrada na órbita de Júpiter era um momento chave, já que, se a sonda não fosse bem-sucedida, poderia passar por Júpiter e deixá-lo para trás, acabando assim prematuramente uma missão de 15 anos a cerca de 540 milhões de milhas (869 milhões de quilómetros) da Terra.
A queima do motor principal da Juno começou às 4h18, diminuindo a sua velocidade cerca de 542 m/s para permitir que fosse capturada na órbita de Júpiter. Pouco depois da manobra, a Juno virou-se para que os raios do Sol pudessem, mais uma vez, atingir as 18.698 células solares que lhe dão energia.
“A aeronave funcionou na perfeição, o que é sempre bom quando conduzimos um veículo com 2,7 mil milhões de quilómetros no odómetro,” afirma Rick Nybakken, gestor do projeto Juno no Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA.
“A inserção orbital em Júpiter era um grande passo e o mais complexo que ainda restava à missão, mas ainda existem outros que têm de ocorrer antes que possamos dar à equipa científica a missão que tanto querem”, sublinhou.
Ao longo dos próximos meses, as equipas da Juno vão realizar os testes finais dos subsistemas da sonda, as calibrações finais dos instrumentos científicos e alguma recolha de dados.
“A nossa fase oficial de recolha de dados começa em outubro, mas nós descobrimos um modo de recolher dados muito mais cedo do que o previsto,” explica Bolton. “O que, quando falamos do maior corpo planetário do Sistema Solar, é uma coisa muito boa. Há muito para ver e fazer aqui.”
O objetivo principal da Juno é compreender a origem e evolução de Júpiter.
Com o seu conjunto de nove instrumentos científicos, a Juno vai investigar a existência de um núcleo planetário sólido, mapear o intenso campo magnético de Júpiter, medir a quantidade de água e amónia nas profundezas da atmosfera e observar as auroras do planeta.
A missão também irá permitir dar um passo em frente na nossa compreensão de como os planetas gigantes se formam e no papel que estes titãs desempenham na união do resto do Sistema Solar.
Como o nosso principal exemplo de um planeta gigante, Júpiter também poderá fornecer conhecimentos críticos para a compreensão de sistemas planetários descobertos em torno de outras estrelas.
ZAP / Lusa / CCVAlg