A pintura em questão chama-se Retrato de Steven Wolters, de Caspar Netscher, e vai agora a leilão. Estima-se que renda entre 36 mil e 62 mil dólares.
Apesar de todos os seus esforços para proteger a sua coleção de pinturas das mãos dos alemães, em 1945, os nazis saquearam as obras de Joan Hendrik Smidt van Gelder, incluindo um quadro de 1683 chamado Retrato de Steven Wolters, da autoria de Caspar Netscher.
Foram precisos 77 anos, mas esta pintura voltou finalmente a casa. Aos 101 anos, Charlotte Bischoff van Heemskerck, filha de Smidt van Gelder, reaveu a obra que planeia agora vender num leilão marcado para dia 7 de Julho. Já se espera que a obra seja vendida por entre 36 mil e 62 mil dólares, nota a Smithsonian Mag.
O dono original das obras vivia em Arnhem, uma cidade no leste dos Países Baixos, onde trabalhou como diretor de um hospital pediátrico. Um dos seus interesses era a arte, que colecionava quando podia. Ao longo dos anos, o médico juntou mais de 25 pinturas de artistas holandeses como Jacob de Wit, Salomon van Ruysdael, Jan van Huysum e Jacob Ochtervelt.
Depois da invasão nazi aos Países Baixos, Smidt van Gelder levou 14 das obras mais preciosas da sua coleção para a sucursal do Banco de Amesterdão em Arnhem e guardou-as num cofre. As tropas alemãs acabaram por conquistar a cidade e saquearam tudo o que encontraram de valor. O banco foi um dos alvos e os nazis roubaram as 14 pinturas de Smidt van Gelder.
Com o fim da guerra, as autoridades holandesas encontraram a devolveram oito destes quadros ao seu dono, mas os outros seis continuaram desaparecidos. A filha passou anos em busca das obras, especialmente o Retrato de Steven Wolters, com o qual sentia uma ligação especial porque estava pendurado na sala de jantar.
A organização sem fins lucrativos Comissão para Arte Saqueada na Europa, que tem sede em Londres, decidiu ajudar Charlotte Bischoff van Heemskerck na busca pelas obras. Os peritos conseguiram descobrir que o quadro estava nas mãos de um colecionador privado alemão que comprou a obra em 1971, com o qual negociaram para que a pintura fosse devolvida à família holandesa.
Bischoff van Heemskerck decidiu vender a pintura para que a sua família possa beneficiar do dinheiro que esta valha e acredita que o seu pai, que morreu em 1969, ficaria “muito feliz” se soubesse que tinha recuperado o quatro.