Se na vida real não é possível voltar atrás no tempo, um estudo que permitia a viagem no tempo num ambiente de realidade virtual descobriu que a experiência pode até ajudar a superar traumas.
O estudo, publicado na Frontiers in Psychology, avaliou 32 participantes que presenciaram, em realidade virtual, um homem a disparar dentro de uma galeria de arte e a matar cinco pessoas.
No teste, os participantes aprendiam a controlar um elevador, e sem saber, deixavam que o assassino subisse ao piso superior, onde se encontravam as vítimas.
Metade dos participantes voltava no tempo para reviver os acontecimentos, mas a segunda vez deparavam-se com um dilema moral: não fazer nada e ver cinco pessoas morrerem, ou intervir e salvá-las, condenando apenas uma pessoa à morte.
Como esperado, a maioria das cobaias decidiu intervir e não deixar o assassino usar o elevador.
Impacto
No mundo virtual, as pessoas podiam deslocar-se e conversar livremente, de forma semelhante à vida real.
O mais interessante, segundo os investigadores, foi o impacto emocional que a experiência virtual teve sobre os participantes.
A maioria teve menos sentimentos de culpa e remorsos depois de “voltar atrás no tempo” e salvar mais vidas.
“Quanto mais sentiam a ilusão, maior o sentido da sua própria moral”, explica à BBC oum dos autores do estudo, Mel Slater, investigador do ICREA – Instituto Catalão de Pesquisa e da University College London.
“Na realidade virtual, o sistema mais superficial de percepção do cérebro não distingue entre o mundo virtual e o real. E o cérebro considera verdadeiro o que vê e ouve no ambiente”, diz Slater.
Por isso, a equipa afirma que as viagens virtuais no tempo podem ajudar as pessoas a superar transtornos de stress pós-traumático ou mesmo a reavaliar más decisões que tenham tomado anteriormente.
Segundo as leis da física, é claro, a viagem no tempo é algo impossível.
Mas o autor principal do estudo, Friedman Doron, da Faculdade Ofer de Comunicações, em Israel, diz que a sua equipa chegou o mais perto possível de a tornar possível.
“A realidade virtual imersiva é muito visceral. As pessoas escondem-se atrás da mesa quando levam um tiro. É o mais próximo que podemos chegar de uma viagem no tempo – pelo menos até que os físicos façam o seu trabalho e inventem uma verdadeira máquina do tempo”, diz Doron.
ZAP / BBC