Na cidade espanhola onde morreram 225 devido às cheias provocadas pela tempestade DANA, ainda não se voltou à normalidade. Há 4 desaparecidos e muitos destroços por limpar.
“Há pessoas a viver ainda em situações deploráveis, que só agora começaram a ter água quente em casa, sem supermercados e que se abastecem de comida numa fila à porta de uma igreja, onde há um ponto de distribuição de comida. Esperávamos que, nesta altura, as coisas já estivessem muito melhor”.
Quem o conta é a portuguesa que vive em Valência Inês Marques à Renascença, relatando a destruição provocada pela tempestade DANA o mês passado.
“O que estamos a ver é que, a nível de orçamentos para arranjar outras coisas, são extremamente altos para tudo”, lamenta Inês, cuja porta de casa foi destruída pelas cheias — teve de colocar uma nova com a ajuda financeira do governo.
“Para colocar, por exemplo, azulejos numa determinada zona da casa, pedem nove mil euros. Há muitas pessoas à procura deste tipo de obras por isso os preços subiram muito.”
O que mais demorou a chegar foram máquinas, conta, uma vez que o governo central só enviou uma ajuda direta. “O apoio de meios foi o que demorou mais a chegar. Mas houve uma ajuda direta de seis mil euros, que chegou do governo central”.
Já Marco Silva, outro jovem português residente em Valência e que tem ajudado de forma voluntária a limpar os destroços, aponta as culpas ao presidente da Generalitat, que “ou tomava uma ação e não acontecia nada, e caiam-lhe em cima, por parar uma comunidade sem nada acontecer, ou dava os alertas devidos e, a confirmar-se o que veio a acontecer e se todos estivessem em casa, seria um herói“.
“Tive que ir viver a 62 quilómetros de distância de Valência, onde está a família da minha mulher, que é espanhola”, conta outro habitante português, Pedro Sousa, cuja filha teve de ficar em Valência por causa da escola. “Está em casa de amigos, porque estamos a 60 quilómetros de distância. A nossa vida está lá e ela não pode viver connosco. Não gosto nada, a minha família não está unida“, lamenta.
De acordo com o noticiário da Antena 1, em Valência há ainda necessidade de limpar caves e garagens, — locais onde foram encontrados mais corpos — e praias, bem como remover carros que se encontram em locais mais desertos, como vinhas e campos. A água ainda não foi totalmente reestabelecida, e há ruas sem luz.
A vida ainda não regressou ao normal, e existem ainda 10 mil alunos em Valência que ainda não regressaram às aulas.
“Há lama por todo o lado, e por causa do pó temos de usar mascara”, conta Diana Jorge, outra portuguesa que vive em Paiporta. Também o metro, que deverá ser reestabelecido na próxima semana (dia 6 de dezembro), enfrenta graves problemas. “A ponte por onde passa o metro que eu apanho não existe” neste momento, diz Diana.