O pescoço bastante longo do Tanystropheus, réptil que viveu durante o Triássico, confunde os cientistas há quase dois séculos. Mas, agora, uma equipa conseguiu encontrar algumas respostas.
De acordo com o site Science Alert, o réptil Tanystropheus podia atingir mais de cinco metros de comprimento, sendo que a cauda representava cerca de um terço e o corpo talvez um quarto. O resto era só pescoço.
“O Tanystropheus parecia um crocodilo atarracado com um pescoço muito, muito longo”, afirma o paleontólogo Olivier Rieppel, do Museu Field de História Natural, em Chicago, nos Estados Unidos.
No entanto, nem todos os espécimes descobertos têm o tamanho de um crocodilo. Alguns são bastante mais pequenos, o que levou os paleontólogos a questionar se seriam animais mais jovens ou representantes de uma outra espécie.
Para perceber isso, a equipa usou raios-X em vários esqueletos, transformando os exames em modelos 3D através de uma tecnologia de tomografia computadorizada (TC) de alta resolução.
Os anéis de crescimento revelaram que os Tanystropheus mais pequenos eram, realmente, animais adultos, deixando bastante claro que os investigadores tinham em mãos duas espécies distintas.
Portanto, para as distinguir, os cientistas batizaram o réptil maior de T. hydroides, em homenagem à Hidra de Lerna, da mitologia grega, e o mais pequeno manteve o nome da espécie original: T. longobardicus.
A transformação das imagens em modelos digitais também permitiu à equipa ter uma ideia mais clara da anatomia deste animal. “Fomos capazes de reconstruir um crânio 3D quase completo, revelando detalhes morfológicos cruciais”, disse Stephan Spiekman, investigador da Universidade de Zurique, na Suíça, e autor principal do estudo publicado, a 6 de agosto, na revista científica Current Biology.
O crânio mostra que as narinas estavam ‘empoleiradas’ no topo, tal como os crocodilos, o que permitiria ao animal manter os pulmões cheios de ar enquanto esperava pela passagem das suas presas. Isto mostra que o Tanystropheus se sentia bem na água.
Os dentes pontiagudos também levam a crer que este réptil teria uma boca bastante eficiente para capturar cefalópodes, pelo menos a espécie maior. “A espécie mais pequena alimentava-se, provavelmente, de pequenos animais como o camarão, em contraste com os peixes e lulas que a espécie maior comia”, explicou Spiekman.
“Isto é realmente notável, porque esperávamos que o pescoço bizarro do Tanystropheus fosse especializado para uma única tarefa, como o pescoço de uma girafa. Mas, na verdade, permitiu vários estilos de vida. Isto muda completamente a maneira como olhamos para este animal”, declarou ainda.