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Primeiras medições óticas das misteriosas Bolhas de Fermi sondam a sua origem

NASA/ESA/Hubble/E. Shaya et al.

Usando o telescópio WHAM (Wisconsin H-Alpha Mapper), astrónomos mediram pela primeira vez as bolhas de Fermi no espetro de luz visível. As Bolhas de Fermi são dois enormes fluxos de gás altamente energético que emanam da Via Láctea e a descoberta refina a nossa compreensão das propriedades destas bolhas misteriosas.

A equipa de investigação da Universidade de Wisconsin-Madison, da Universidade de Wisconsin-Whitewater e da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle mediu a emissão de luz do hidrogénio e do azoto nas Bolhas de Fermi na mesma posição que as recentes medições de absorção ultravioleta feitas pelo Telescópio Hubble.

“Combinámos estas duas medições de emissão e absorção para estimar a densidade, pressão e temperatura do gás ionizado, e isso permite-nos entender melhor de onde vem este gás,” diz Dhanesh Krishnarao, autor principal do novo estudo e estudante de astronomia na Universidade de Wisconsin-Madison.

Os investigadores anunciaram os seus achados no passado dia 3 de junho durante a 236.ª reunião da Sociedade Astronómica Americana, realizada online pela primeira vez desde 1899 em resposta à pandemia de COVID-19.

O trabalho foi financiado pela NSF (National Science Foundation).

Estendendo-se 25.000 anos-luz acima e abaixo do centro da Via Láctea, as Bolhas de Fermi foram descobertas em 2010 pelo Telescópio de Raios-Gama Fermi. Estes fluxos ténues, mas altamente energéticos de gás estão a fugir do centro da Via Láctea a milhões de quilómetros por hora. Mas enquanto o fenómeno foi inferido como tendo origem há vários milhões de anos, os eventos que produziram as bolhas permanecem um mistério.

Agora, com novas medições da densidade e da pressão do gás ionizado, os cientistas podem testar modelos das Bolhas de Fermi contra observações.

“A outra coisa importante é que agora temos a possibilidade de medir a densidade, a pressão e a estrutura de velocidade em muitos locais,” com o telescópio WHAM, diz Bob Benjamin, professor de astronomia da Universidade de Wisconsing-Whitwater e coautor do estudo. “Podemos fazer um extenso esforço de mapeamento através das Bolhas de Fermi acima e abaixo do plano da Via Láctea para ver se os modelos desenvolvidos correspondem à realidade. Porque, ao contrário dos dados ultravioletas, não estamos limitados apenas a linhas de visão específicas.”

Matt Haffner, professor de física e astronomia da Universidade Aeronáutica Embry-Riddle e coautor do artigo científico, diz que o trabalho demonstra a utilidade do telescópio WHAM, desenvolvido na Universidade de Wisconsin-Madison, para nos contar mais sobre o funcionamento da Via Láctea. A região central da nossa Galáxia tem sido difícil de estudar por causa do gás que bloqueia a nossa visão, mas o WHAM forneceu novas oportunidades para reunir o tipo de informação que temos para galáxias distantes.

“Existem regiões da galáxia que podemos observar com instrumentos muito sensíveis como o WHAM para obter este tipo de informação nova para o centro que anteriormente só conseguíamos fazer no infravermelho e no rádio,” diz Haffner. “Podemos comparar com outras galáxias, fazendo o mesmo tipo de medição em direção ao centro da Via Láctea.”

// CCVAlg

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