O ex-Presidente chinês Jiang Zemin, que liderou a China após os protestos pró-democracia de Tiananmen, em 1989, até ao início da década de 2000, morreu esta quarta-feira, aos 96 anos, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.
Em declarações, o Partido Comunista Chinês (PCC) avançou que o antigo dirigente morreu vítima de leucemia e da falência de múltiplos órgãos.
“A morte do camarada Jiang Zemin é uma perda incalculável para o nosso Partido e para os nossos militares e o nosso povo de todos os grupos étnicos”, lia-se no comunicado, citado pela agência Reuters.
O político ascendeu ao poder um dia depois de tanques do exército terem colocado fim ao movimento da Praça Tiananmen, na noite de 03 para 04 de junho de 1989, e acompanhou a transformação do país mais populoso do mundo numa potência mundial.
Foi durante a presidência de Zemin – descrito pelo partido como um líder prestigioso, um grande marxista, estadista, estratega e diplomata militar – que os territórios de Hong Kong e Macau foram devolvidos à China, pelo Reino Unido (em 1997) e Portugal (em 1999), respetivamente.
Zemin foi também responsável por aproximar a China dos Estados Unidos e pela entrada do país na Organização Mundial do Comércio, em 2001.
Mesmo durante um período em que a China se abriu ao exterior, a administração de Zemin reprimiu dissidentes e ativistas que defenderam os direitos humanos e laborais e reformas pró-democracia, e baniu o movimento espiritual Falun Gong, que o PCC viu como uma ameaça ao seu monopólio de poder.
Ex-gestor numa fábrica de sabões, Zemin encerrou a sua carreira com a primeira sucessão ordenada na História do regime comunista, ao transferir o seu cargo, em 2002, para Hu Jintao, que também assumiu o título cerimonial de chefe de Estado, no ano seguinte.
Dez anos depois, Jintao passou o poder a Xi Jinping, atual líder. A morte do ex-Presidente registou-se na mesma altura em que o país vive um clima de tensão, com uma vaga de protestos e manifestações por parte da população, que se opõe às restrições a propósito da covid-19.
Rumores de que Jiang poderia estar com problemas de saúde surgiram depois da sua ausência no 20.º Congresso do PCC, que se realizou em outubro, e que cimentou o estatuto de Xi como o líder mais forte da China desde pelo menos a década de 1980.