Estudo mostra que os portugueses temem que lhes venha a faltar o bacalhau. Noruega diz que “podem estar seguros”

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Quase metade dos portugueses teme que o bacalhau desapareça da sua dieta em 2040 e 90% das pessoas estão dispostas a fazer mais pela sustentabilidade do mar e das pescas, indica uma investigação divulgada esta segunda-feira.

Por ocasião do Dia Mundial dos Oceanos, que se assinala esta segunda-feira, a organização independente Marine Stewardship Council (MSC) divulgou um estudo que, além do medo que 42% dos portugueses têm de que lhes falte o bacalhau, indica que mais de metade da população (54%) já alterou os seus hábitos de consumo de pescado para proteger os mares.

No documento, afirma-se ainda que 65% dos portugueses pensam que para salvar os oceanos é preciso consumir peixes e marisco que provenham de fontes sustentáveis, além de 90% estarem dispostos a dar um passo maior pela sustentabilidade do mar e da pesca.

Os dados agora divulgados foram obtidos através de um inquérito a mais de 20 mil pessoas em 23 países, e revelam também que o bacalhau é o peixe favorito dos portugueses (24%), seguido do salmão (13%) e do camarão (12%). Do total de inquiridos, 34% reconhece a existência de rótulos sustentáveis de produtos de pesca.

No documento, afirma-se que os elevados níveis de preocupação com o estado dos oceanos estão a provocar uma nova onda de “ativismo de consumo“, para salvaguardar os mares.

O inquérito revelou que seis em cada 10 consumidores de produtos do mar já fizeram alterações na forma como escolhem e compraram pescado no último ano, para proteger os peixes.

Essas alterações implicaram mudar para marcas ou produtos que ajudam a proteger os oceanos e os peixes (23%), comprar espécies diferentes de produtos (17%), ou mudar o local das compras (15%).

E para estas alterações contribui a preocupação a nível mundial de quase uma em cada três pessoas (31%) em relação à falta do seu peixe favorito dentro de 20 anos. Os jovens são os mais preocupados.

No comunicado agora divulgado o MSC salienta que os oceanos contêm até 80% da vida na Terra e que os produtos do mar são uma importante fonte de proteínas para mais de três mil milhões de pessoas em todo o mundo. E alerta que a prática tem sido pescar acima dos limites de sustentabilidade, com 60% dos peixes a serem pescados na sua capacidade máxima.

O MSC anuncia também no documento que pôs em marcha uma nova campanha global Little Blue Label, Big Blue Future, que tem como objetivo encorajar mais consumidores a optar por produtos da pesca que estejam certificados segundo o “exigente standard do ‘selo azul’”.

Em Portugal, a campanha é lançada sob o lema “Pequeno como um gesto, imenso como o mar” e tem o apoio de empresas que disponibilizam produtos de pesca sustentável com o selo azul do MSC (Aldi, Brasmar, Gelpeixe, Iglo e Lidl).

“Com a sobrepesca, as alterações climáticas e a poluição a exercer uma pressão crescente sobre os nossos oceanos, as escolhas que fazemos como consumidores nunca foram tão importantes. Este inquérito demonstra uma preocupação real das pessoas pela proveniência dos produtos da pesca e como são obtidos”, diz Rupert Howes, chefe executivo do MSC, citado no documento.

O MSC é uma organização criada em 1997 para defesa da pesca sustentável e proteção dos oceanos. A entidade estabelece normas globalmente reconhecidas e fundamentadas cientificamente para a pesca sustentável, tendo criado o selo azul.

O selo azul num produto de pesca significa que provém de uma pescaria que foi certificada de forma independente para uma pesca ambientalmente sustentável. O selo pode ser encontrado em mais de 100 espécies de pescado e mariscos em 100 países.

O Dia Mundial dos Oceanos teve origem na conferência das Nações Unidas sobre o ambiente realizada em 1992, no Rio de Janeiro, Brasil. A ONU decidiu em 2008 estabelecer oficialmente que o dia 8 de junho passaria a ser o Dia Mundial dos Oceanos.

“Os portugueses podem estar seguros”

O Conselho Norueguês dos Produtos do Mar, organização dos exportadores de peixe da Noruega, afirmou esta segunda-feira que “os stocks de bacalhau da Noruega estão saudáveis“, e que se trata de um produto “com origem em práticas de pesca sustentáveis”.

Os portugueses podem estar seguros de que, ao consumirem bacalhau da Noruega, estão a consumir um produto saudável e com origem em práticas de pesca sustentáveis”, afirmou a organização em comunicado divulgado esta segunda-feira.

A organização diz que Portugal é o principal cliente da Noruega no setor do bacalhau, consumindo cerca de 70 mil toneladas de bacalhau seco salgado por ano.

O NSC – Conselho Norueguês dos Produtos do Mar tem por principal objetivo promover o consumo dos melhores produtos do Mar da Noruega.

ZAP // Lusa

 

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