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Portugal vai entregar Prémio Camões a Chico Buarque, mesmo com “segredo” de Bolsonaro

O Ministério da Cultura de Portugal garantiu esta quarta-feira que o Prémio Camões será entregue a Chico Buarque na altura que melhor convier “a quem entrega e a quem recebe o Prémio”.

“A cerimónia de entrega do Prémio Camões a Chico Buarque realizar-se-á em Portugal, conforme ditam as regras, na data que for conveniente a quem entrega e a quem recebe o Prémio. Está em curso o processo para marcação da data”, disse fonte do Ministério da Cultura à agência Lusa.

A posição do Ministério da Cultura foi assumida na sequência da notícia de que o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, poderia não assinar o diploma de atribuição do Prémio Camões ao compositor e escritor Chico Buarque.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, deu esta quarta-feira a entender que não assinará o diploma do Prémio Camões concedido ao compositor e escritor Chico Buarque, cuja entrega formal ainda não tem data marcada, mas foi apalavrada para abril 2020, em Portugal, na sequência do desejo manifestado pelo músico de o receber nessa altura.

A informação é avançada pelo jornal Folha de São Paulo, que conta que, ao ser questionado sobre a assinatura do documento, Bolsonaro respondeu que a decisão era “segredo”, para em seguida acrescentar: “Até 31 de dezembro de 2026, eu assino”.

Fonte do ministério da Cultura avançou esta quarta-feira à TSF que o Presidente português já assinou o diploma e mesmo na hipótese de faltar a assinatura do Presidente brasileiro, não está em causa a entrega do prémio.

O músico brasileiro já reagiu às declarações de Jair Bolsonaro, dizendo, citado pela revista Blitz, que “a não assinatura do Bolsonaro é para mim um segundo Prémio Camões”.

Prémio dividiu Governo brasileiro

A data referida por Bolsonaro coincide com o final do um segundo mandato presidencial, caso fosse reeleito em 2022. Chico Buarque é um apoiante do Partido dos Trabalhadores, defensor do ex-Presidente brasileiro Lula da Silva e crítico do governo de Bolsonaro.

O valor total do prémio é de 100 mil euros, divididos entre Brasil e Portugal. A parte financeira foi resolvida em junho, e a assinatura do diploma é apenas uma formalidade, mas o documento poderá chegar às mãos do músico sem a assinatura de Bolsonaro.

O assunto dividiu o governo de Bolsonaro, com alguns mais moderados a defender que este deveria cumprir a tradição de assinar o documento e evitar um constrangimento com Portugal, e outros, de mais próximos do presidente brasileiro, a considerar importante o “gesto político”, posicionando-se contra o uso de recursos públicos em ações que consideram não prioritárias, de acordo com a imprensa brasileira.

No passado dia 20 de setembro, a revista Veja, com sede em São Paulo, noticiou que o diploma assinado pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, já se encontrava em Brasília, no gabinete do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que tutela a Cultura, à espera da assinatura de Bolsonaro.

Chico Buarque foi anunciado vencedor do Prémio Camões 2019, no dia 21 de maio, após reunião do júri, na Biblioteca Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro.

ZAP // Lusa

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