Polícias num armazém a separar tampinhas para uma super-bandeira

1

stevendepolo / Flickr

-

Agentes da PSP receberam ordens para participar, no tempo de serviço e de folga, numa iniciativa solidária que consiste em reciclar tampas de plástico para fazer uma bandeira nacional até 10 de junho, disse à Lusa fonte sindical.

O caso foi noticiado hoje pelo Jornal de Notícias, citando o Sindicato Unificado de Polícia (SUP), segundo o qual pelo menos 14 polícias de patrulhamento vão estar empenhados diariamente, até 10 de junho, numa tarefa que consiste em “separar e juntar 15 toneladas de tampinhas plásticas para fazer uma super-bandeira para apoiar a seleção nacional de futebol e bater um recorde do Guiness”.

A agência Lusa contactou o Comando Metropolitano de Lisboa, tendo apenas obtido como resposta que o trabalho que está a decorrer ao abrigo da designada “Bandeira da Esperança” (tampinhas 100% recicladas) é “totalmente feito em regime de voluntariado”, tanto pelos agentes como pela sociedade civil.

No entanto, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), Paulo Rodrigues, afirmou, em declarações à Lusa, ter confirmado casos de agentes que foram obrigados a aderir à iniciativa, estando uns no tempo de serviço e outros no de folga.

“Concordamos com a iniciativa, visa comprar cadeiras de rodas e esse tipo de equipamento. Discordamos é da forma como o Comando Metropolitano de Lisboa obrigou os efetivos a participar nesta iniciativa”, referiu.

“Aquilo que temos conhecimento é que houve elementos da polícia que foram voluntários e participaram nessa iniciativa e houve outros que foram obrigados a deslocar-se para aquele lugar e participar nessa iniciativa obrigados, o que nós discordamos porque não faz parte do seu conteúdo funcional e, portanto, a sua participação devia ter sido voluntária”, sustentou.

“Não fazendo parte do seu conteúdo funcional, à partida não deviam ter sido obrigados a participar nessa iniciativa”, reiterou Paulo Rodrigues.

A ASPP emitiu, entretanto, um comunicado no qual exige a retirada imediata da ordem em causa.

“Após ter confirmado a veracidade da notícia em relação à ordem hierárquica que obrigava alguns polícias a participarem na separação das tampas de garrafas, a ASPP/PSP exige que a ordem seja retirada de imediato”, lê-se no comunicado.

A organização defende ainda que é urgente a Direção Nacional da PSP averiguar o que esteve na base da “ordem emanada”.

/Lusa

1 Comment

  1. Solidariedade não é um acto voluntário?

    Mas o ridículo é tão comum que se costuma repetir. P’ra mim é um déjà-vu, sei bem o que é ser solidário à força e no próprio tempo de descanso por iniciativa de uma instituição ditatorial!

    Estando a cumprir o serviço militar OBRIGATÓRIO em Beja, com folgas de fim-de-semana, apenas de 2 em 2 ou 3 em 3 semanas, fui OBRIGADO a abdicar de um deles para “colaborar” na recolha de doações em “géneros” para a “Pirâmide” do Raul Solnado.

    Um fim de semana que me foi roubado em favor de duas hipocrisias, para além de até hoje não se saber bem para onde foram essas doações, em “géneros” e dinheiro, a participação “solidária” do público foi uma oportunidade para se livrarem dos cacarecos mais velhos que tinham em casa – sem sequer se darem ao trabalho de os acartarem para os colocar à mão. Sendo condutor não me limitei a conduzir uma viatura, tive de subir aos mais recônditos sótãos e às mais insalubres e mal-cheirosas caves para recolher e acartar as coisas mais ridículas, de malas de cartão cheias de humidade e bolor a uma cadeira em verga, para idosos, com uma prateleira para colocar um penico por baixo do assento que por sua vez tinha um óbvio buraco… oferecida por um par de irmãs idosas que arrastando-se como se arrastavam, pareciam já elas necessitar da cadeira… mas na missa seguinte seriam
    perdoadas de todos os seus maus pensamentos…

    P’ra que serve esta bandeira? P’ra alguns graduados de discurso com erros de concordância e sotaque sibilante, colocarem a “sua” iniciativa nos respectivos currículos?

    Recorde do Guiness?? Esses cérebros mirrados escondidos debaixo dos bonés, obviamente não entendem que essas tentativas de recordes são das coisas mais saloias, bizarras e deprimentes a que o mundo pode assistir!!!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.