O clero da Igreja de Inglaterra solicitou formalmente, pela primeira vez na história, um aumento salarial, num contexto de crise económica e de aumento do custo de vida no Reino Unido.
O Unite, sindicato que representa mais de 2.000 clérigos e oficiais leigos da Igreja Anglicana, submeteu, pela primeira vez na história, um pedido de aumento de salário para os seus membros.
O sindicato pede um aumento de 9,5% na remuneração dos clérigos, salientando que a Igreja Anglicana, que detém quase 12 mil milhões de euros em reservas, pode suportar o aumento salarial.
Sharon Graham, secretária-geral do Unite, realça que, apesar de o trabalho do clero ser frequentemente visto como uma vocação, a realidade do seu estatuto económico coloca-os entre os trabalhadores mais pobres.
Em declarações à NPR, a Igreja reconhece que os clérigos e membros leigos oferecem diariamente “apoio espiritual, pastoral e logístico” às suas comunidades, e que a atual crise económica os afeta tanto como aos paroquianos.
O porta-voz da igreja realça que este apoio incansável e as necessidades sentidas pelos clérigos têm que ser tidas em consideração na altura de tomar decisões sobre revisões salariais.
Os vencimentos na Igreja Anglicana são determinados em função de um “salário mínimo” estipulado e de um “valor de referência nacional”, estipulados pela Igreja mas pagos pelas dioceses, que podem decidir remunerar os seus membros acima deste valor.
A Unite solicitou um aumento do “salário mínimo” para 2.800 euros mensais, e do valor de referência para os 3.000 euros por mês.
Esta medida surge numa altura em que os britânicos (também) se debatem com uma diminuição do poder de compra devido à inflação e aos elevados preços da energia, influenciados pela escassez de produtos, bem como problemas na indústria energética e nas cadeias de abastecimento.
A Clergy Support Trust, instituição de caridade que ajuda os membros do clero anglicano, diz ter apoiado mais de 5.000 clérigos em 2021 — mais do que em qualquer outro ano na história da organização.