Pela primeira vez na história da Igreja, um Papa defendeu que os católicos devem um pedido de perdão aos homossexuais. No regresso da sua viagem à Arménia, o Papa Francisco falou sobre os homossexuais, o Brexit e o genocídio arménio.
Questionado por um jornalista sobre a urgência de um pedido de desculpas, após o atentado que resultou na morte de 49 pessoas numa discoteca gay, em Orlando, na Califórnia, o Papa Francisco disse aos jornalistas que a Igreja Católica deve ser humilde e procurar o perdão de outras pessoas marginalizadas.
“O catecismo da Igreja diz que eles não devem ser discriminados, que devem ser respeitados e acompanhados pastoralmente”, afirmou Francisco, questionado por uma jornalista norte-americana sobre as declarações do Cardeal Reinhard Marx que recentemente disse que a Igreja devia pedir desculpa aos homossexuais.
O Papa Francisco considerou, no entanto, que “a Igreja deve não só pedir desculpa a uma pessoa gay que tenha ofendido mas também aos mais pobres, às mulheres que têm sido exploradas, às crianças que têm sido exploradas para trabalhar. E deve pedir desculpa por ter abençoado tantas armas“, acrescentou o chefe da Igreja.
“Quando digo Igreja, falo dos cristãos, porque a Igreja é santa, os pecadores somos nós”, acrescentou o papa.
Ficou, no entanto, uma ressalva: “Pode-se condenar, não por motivos teológicos, mas por comportamentos políticos ou certas manifestações demasiado ofensivas para os outros”. A Igreja Católica continua a considerar que os atos homossexuais (mas não a orientação) são pecado.
Em 2013, Francisco tinha reafirmado a posição da Igreja Católica de que os atos homossexuais são um pecado mas que a orientação gay não é, declarando na altura: “Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa-vontade, quem sou eu para julgar?”
Genocídio
Na viagem de regresso ao Vaticano após a sua viagem apostólica à Arménia, o Papa voltou a falar do Brexit, lamentando que na Europa “a unidade é superior ao conflito” e sublinhando que “as pontes são melhores que os muros”.
“Já há guerra na Europa, já persiste no ar a divisão”, lamentou o papa.
O pontífice alertou para as divisões que já existem “não só na Europa, mas dentro dos próprios países”.
“Basta pensar na Catalunha e, no ano passado, a Escócia”, recordou o papa, considerando que as situações devem ser bem estudadas “antes de dar um passo a favor da divisão”.
A viagem à Arménia ficou marcada pela palavra “genocídio“, que Francisco usou para se referir às mortes de cristãos pelo Império Otomano no início do século passado.
A expressão foi duramente criticada, especialmente pelo governo turco, que disse que a expressão foi infeliz.
“Após ter usado esta palavra o ano passado em São Pedro, publicamente, teria soado estranho não o ter feito agora na Arménia”, justificou o Papa. “Não usei a palavra genocídio com espírito ofensivo; usei-a objetivamente”, acrescentou.
ZAP