Os mísseis supersónicos “invencíveis” de Putin são provavelmente falsos

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EPA/MIKHAEL KLIMENTYEV / SPUTNIK / KREMLIN

Vladimir Putin

Um think tank britânico e um relatório assinado por figuras de referências norte-americanas enumeram razões pelas quais a existência dos mísseis hipersónicos Zircón é pouco plausível.

Dois novos relatórios de especialistas acusam Vladimir Putin de mentir sobre os publicitados mísseis hipersónicos Zircón, os quais têm sido descritos pelo presidente da Federação da Rússia como sendo uma “arma imparável“. As dúvidas foram suscitadas pelos serviços de inteligência norte-americanos e analistas britânicos, que leem nas palavras do antigo agente do KGB uma ameaça vazia.

A primeira análise é feita pelo think thank britânico Royal United Services Institute. De acordo com os especialistas que o compõem, a capacidade dos mísseis hipersónicos russos terá sido exagerada ou, até, inventada. Isto porque, lembra o organismo, passaram dez anos desde que foi anunciado o início da investigação para o desenvolvimento desta arma até que fosse considerada operacional.

Para os analistas, esta é uma cronologia totalmente inverosímil, tendo em consideração os contratempos que processos semelhantes costumam incluir. Também como referência têm outros projetos de desenvolvimento soviéticos, que tiverem prazos de conceção e fabrico sempre mais longos. Por exemplo, o míssil supersónico Kh-32, muito mais simples do que o suposto Zircón, demorou quatro décadas a ser terminado.

Caso a nova estrela do arsenal de Vladimir Putin exista realmente, significaria que todos os recordes de projeção e fabrico deste tipo de armamento teriam sido quebrados. Tal seria altamente improvável, sobretudo se se considerar o atual estado da indústria aeroespacial militar e civil russa — e, tal como lembra o El Confidencial, se lembrarmos que o país nunca construiu uma arma assim.

Há ainda um precedente, o dos mísseis P-800 Oniks, os quais os russos alegaram ter produzido, mas que na verdade nunca funcionaram bem, segundo os seus próprios generais.

O mesmo think tank também afirma que a Rússia, ao contrário do divulgado pelas autoridades do país, nunca testou os Zircón e que, na realidade, as imagens divulgadas dos testes, captadas desde longe, são, precisamente dos P-800. Como base destas alegações têm o facto de as duas armas terem teoricamente o mesmo tamanho.

Finalmente, são citados dados do próprio ministério da Defesa russo, segundo o qual o míssil tem entre 400 quilómetros de alcance a uma velocidade de 6 Mach a 1000 quilómetros de alcance a uma velocidade de de 9 Mach, com a mesma cabeça de 300 quilogramas.

Por sua vez, o relatório norte-americano parece concordar com as conclusões britânicas, pelo menos em alguns pontos. “A proteção da eletrónica sensível dos mísseis hipersónicos, a compreensão do rendimento dos vários materiais e a previsão da aerodinâmica e as temperaturas sustentadas até 1.650 graus requerem testes de voo extensivos. Os testes estão a decorrer, mas os fracassos dos últimos anos atrasaram o progresso.”

Nos últimos tempos, ninguém conseguiu, de forma efetiva, gerir estas altas temperaturas. Pelo que é provável que o Zircón continue a ter estes problemas.

Tal como foi notícia nas últimas semanas, a fragata Amirante Gorshkov está atualmente a fazer manobras no Atlântico, onde também já testou — ou, pelo menos, assim o alega —Zircón. Durante a cerimónia que assinalou a operacionalidade do míssil, Putin dizia estar “seguro de que estas armas poderosas vão proteger a Rússia de possíveis ameaças externas de forma fiável e ajudar a garantir os interesses nacionais do país“.

ZAP //

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3 Comments

  1. Tudo treta. Estes tipos são uns tretas. Nem tanques em condições têm quanto mais mísseis. Até os drones compram ao Irão… Tristeza…

  2. Pode ser treta russa, mas convém aos americanos (e ao ocidente em geral) estarem preparados para o pior embora desejando o melhor. Nunca fiando!…

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