Já sabemos onde viveram os primeiros humanos residentes permanentes da Europa

Eva-Maria Geigl e Thierry Grange

A pesquisa indica que os primeiros humanos modernos que viveram permanentemente na Europa terão residido na região da Crimeia.

Um novo estudo publicado na Nature Ecology and Evolution aponta para a possibilidade de que os primeiros humanos modernos a residirem permanente na Europa tenham vivido na Crimeia há cerca de 37 mil anos.

A investigaçãosugere que estes indivíduos possam ter dado origem à cultura Gravettiana que, 7000 anos mais tarde, se espalhou por toda a Europa.

O estudo liderado por Eva-Maria Geigl e Thierry Grange, do Centro Nacional para Pesquisa Científica da França (CNRS), incidiu sobre o sítio arqueológico de Buran-Kaya III na Península da Crimeia.

Este sítio foi originalmente descoberto em 1990 e contém evidências de atividade humana que remontam a há pelo menos 50 mil anos. Contudo, o foco da investigação foram as camadas datadas há entre 38 mil e 34 mil anos, que incluem artefactos semelhantes aos da cultura Gravettiana.

Para confirmar a sua hipótese, a equipa sequenciou os genomas de dois esqueletos masculinos encontrados em Buran-Kaya, datados de há entre 35 800 e 37 500 anos. Ao comparar estes genomas com os de outros indivíduos que viveram na Europa no mesmo período, os investigadores concluíram que os homens eram mais semelhantes aos genomas europeus mais recentes do que aos mais antigos.

Isto sugere que os habitantes de Buran-Kaya fazem parte da onda populacional que entrou na Europa após a erupção do supervulcão nos Campos Flégreos, no sul de Itália, escreve o Live Science..

O estudo acrescenta, assim, um elemento fundamental para compreender o povoamento da Europa por humanos anatomicamente modernos, segundo Geigl.

Para além do legado cultural, a descoberta também dá pistas sobre a resiliência humana e neandertal na sequência da erupção dos Campos Flégreos. “Houve sobreviventes desta crise climática que se reproduziram com os recém-chegados na Europa Oriental há cerca de 38 mil anos”, disse Geigl, descartando a ideia de uma extinção completa após o evento vulcânico.

Estas novas descobertas despertam tanto interesse científico como público, ao preencher lacunas na história do povoamento humano na Europa e alargar a nossa compreensão sobre como as antigas populações podem ter sobrevivido a cataclismos naturais.

ZAP //

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