Novo incêndio na Serra da Estrela. Autarca de Gouveia suspeita de fogo posto

Nuno André Ferreira / Lusa

Depois de um novo incêndio na Serra da Estrela, que entretanto já foi dominado, o autarca de Gouveia falou em suspeitas de fogo posto.

O incêndio em Gouveia, no distrito da Guarda, mobilizava às 22:30 de hoje perto de 250 operacionais, sendo o fogo ativo em Portugal continental que reunia mais preocupações, segundo a Proteção Civil.

O fogo deflagrou pelas 15:41 de quinta-feira em Nabais, no Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE), e obrigou à evacuação do parque de campismo do Curral do Negro por precaução.

O incêndio foi, entretanto, dado como dominado às 00:50, disse à Lusa fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Pelas 03:30, mantinham-se no terreno 212 operacionais, apoiados por 61 viaturas.

O presidente da Câmara de Gouveia avançou à TSF que há suspeitas de “fogo posto”. Luís Marques disse à rádio que, de acordo com as informações que tinha, o início de incêndio tem mão criminosa.

Os seis municípios abrangidos pelo PNSE exigiram esta quinta-feira que seja decretado “estado de calamidade”, devido ao incêndio que atinge a região, e apoios imediatos para colmatar prejuízos de “centenas de milhões de euros”.

“Defendemos decretar com efeitos imediatos o estado de calamidade para toda a área do Parque Natural da Serra da Estrela e a elaboração de um plano de revitalização deste nosso parque”, exigiu o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, após uma reunião conjunta com autarcas da Covilhã, Celorico da Beira, Gouveia, Seia e Manteigas.

“O apoio urgente e imediato ao setor agrícola, pecuário e à exploração florestal” são outras exigências dos autarcas que, tendo em conta a contabilidade feita na reunião desta quinta, apontaram um prejuízo na ordem das “centenas de milhões de euros”.

Governo vai reunir-se com autarcas

O Governo vai reunir-se na segunda-feira com os presidentes de câmara dos cinco concelhos mais afetados pelo incêndio da Serra da Estrela, com o objetivo de aferir os prejuízos causados e “estabelecer as medidas necessárias de apoio”.

De acordo com informação transmitida à agência Lusa por fonte do gabinete da ministra da Presidência, esta reunião, na qual estarão presentes vários ministros, vai acontecer na segunda-feira de manhã, pelas 10:00, em Manteigas.

O executivo vai reunir-se “com os autarcas dos municípios do Parque Natural da Serra da Estrela mais afetados pelos incêndios”, nomeadamente Covilhã, Guarda, Manteigas, Celorico da Beira e Gouveia, “para avaliar as necessidades e respostas integradas para estes concelhos” na sequência do incêndio que lavra naquela região.

“Esta reunião visa aferir os danos e prejuízos causados por aquele que foi o maior incêndio florestal ocorrido este ano no país, de forma a estabelecer as medidas necessárias de apoio às famílias, às empresas e à reabilitação das zonas afetadas, nomeadamente do Parque Natural da Serra da Estrela”, referiu a mesma fonte.

Pelo Governo, estarão presentes a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa e a ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes.

Gestão de emergência pós-fogo “tem de começar já”

O incêndio que devastou durante quase duas semanas a Serra da Estrela e o seu parque natural foi dominado, mas há agora um trabalho que tem de “começar já”, uma gestão de emergência pós-fogo que impeça a erosão.

O incêndio que lavrou na zona da serra da Estrela durante 11 dias, afetando o PNSE, foi considerado dominado na noite de quarta-feira.

Depois da extinção do incêndio, que terá afetado pelo menos um quarto do PNSE (20.000 hectares), como se gerem os terrenos afetados e que medidas devem ser tomadas de imediato?

A Lusa questionou dois especialistas, ambos afirmando que a ação imediata, mais urgente, é impedir que, com as chuvas, terras, pedras e cinzas desçam pelas encostas e provoquem a erosão do solo.

ZAP // Lusa

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