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Novo Banco desmente demissão de gestores após polémicas com Fundo de Resolução e Vieira

José Sena Goulão / Lusa

António Ramalho, presidente do Novo Banco

O Novo Banco veio a público desmentir a notícia do Público que alega que três gestores de topo da instituição se demitiram, após divergências internas envolvendo várias polémicas relacionadas com o Fundo de Resolução, com Luís Filipe Vieira e com um caso de lesados em Espanha.

A informação do Público surge depois de António Ramalho ter sido reconduzido no cargo de CEO do Novo Banco para mais um mandato até 2024.

A antecipação da nomeação dos novos órgãos sociais do Novo Banco causou alguma estranheza e o Público avança que terá sido motivada pelas demissões de Vítor Fernandes, que era considerado o braço-direito de Ramalho, de José Eduardo Bettencourt e de Jorge Cardoso.

Os mandatos dos três gestores com “funções em áreas críticas” só terminavam a 31 de Dezembro de 2020, mas terão optado por demitir-se no seguimento de várias “divergências”, segundo avança o Público.

O Novo Banco já veio garantir, em comunicado, que é “uma notícia falsa”, alegando que a informação foi “previamente desmentida” ao jornal.

“As alterações verificaram-se no natural processo de renovação de mandatos e foram motivadas por razões pessoais e por simplificação da estrutura e nunca por supostas divergências estratégicas”, assegura ainda a instituição bancária em comunicado.

Três dossiers polémicos

Contudo, o Público assegura que foram “divergências” em três dossiers em especial que motivaram a saída antecipada dos três gestores.

“Recentemente já se notava um menor entendimento entre os membros da Comissão Executiva, em particular sobre questões importantes, o que acabou por quebrar os equilíbrios que existiam”, explica ao jornal um alto quadro do Novo Banco que não é identificado.

Porém, Vítor Fernandes assegura que a sua decisão de sair “deve-se ao facto de já estar no banco desde 2014”. “Há algum tempo percebi que não fazia parte da equipa core [estratégica] da Lone Star e portanto decidi que o melhor seria não renovar”, sustenta o ex-gestor ao Público.

Aquele que era o homem de confiança de Ramalho terá batido com a porta no seguimento de um caso de lesados do Novo Banco em Espanha, após um esquema implementado por um funcionário que originou pedidos de indemnização de 50 milhões de euros.

Vítor Fernandes era o responsável pela operação em Espanha e ficou sem o pelouro, o que lhe causou muito desconforto, afectando a sua relação com Ramalho.

Por outro lado, havia uma interpretação de que o Lone Star, o fundo que gere o Banco, teria “pré-disposição” para “dar prioridade aos interesses do accionista principal, em detrimento dos do Fundo de Resolução”, o que terá contribuído para agudizar o mal-estar interno.

Outro dossier polémico prende-se com a reestruturação das dívidas do universo empresarial de Luís Filipe Vieira. Os créditos do presidente do Benfica foram alocados ao fundo FIAE que foi criado pela gestora de capital de risco Capital Criativo, cujo sócio fundador, Nuno Gaioso Ribeiro, é vice-presidente do Benfica. O filho do presidente encarnado, Tiago Vieira, também é accionista da Capital Criativo.

“O Novo Banco ficou com mais de 95% das unidades de participação do FIAE”, como repara o Público.

“Na prática, o devedor está em incumprimento junto do banco e o banco paga comissões à empresa gestora do fundo, a que o devedor está relacionado”, constata ainda o mesmo jornal.

ZAP //

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