Em causa estão medidas sanitárias para evitar a sobrecarga dos serviços hospitalares.
Têm sido semanas conturbadas para Boris Johnson. Entre escândalos internos e uma pesada derrota numa eleição, o primeiro-ministro britânico depara-se agora com uma baixa de peso no seu Governo. David Frost, ministro de Estado e responsável pelas negociações do Brexit com a União Europeia, apresentou a sua demissão este sábado como forma de demonstrar o seu descontentamento face às recém anunciadas medidas com o objetivo de controlar a transmissão da covid-19 – numa altura em que o Reino Unido regista recordes diários de casos –, que está a ser motivada pela propagação da variante Ómicro naquele território.
O tema tem-se revelado fraturante entre os conservadores, com 99 deputados do partido a votarem contra as medidas decretadas do próprio partido, apesar dos apelos do ministro da Saúde, Sajid Javid, para que os oficiais percebessem a importância de preservar a resposta hospitalar – numa altura em que já se fala da possibilidade de existirem três mil internamentos por dia. As regras acabaram por ser aprovadas graças a um voto a favor dos trabalhistas.
Em causa estão medidas que há muito foram adotadas noutros países da Europa: apresentação de certificado sanitário em discotecas ou o uso obrigatório de máscaras nos transportes públicos, mas que merecem a reprovação dos conservadores. Para além de Frost, os meios de comunicação britânicos noticiam que no seio do Governo também se registaram divergências relativamente aos próximos passos a seguir na gestão da pandemia.
De acordo com o The Telegraph, os ministros das Finanças, da Economia, dos Negócios Estrangeiros e dos Assuntos Parlamentares também se manifestaram contra o passo. A mesma fonte cita um deputado dos conservadores que afirma que a posição de Frost é representativa do estado de espírito de todos os que integram o partido.
Este é apenas o último de muitos percalços que Boris Johnson enfrentou recentemente e que, aos olhos da opinião pública, podem indiciar que o seu tempo enquanto chefe de Governo pode estar a chegar ao fim. Para além da recente derrota eleitoral, muitos entendem que o primeiro-ministro britânico tem a sua autoridade moral contestada para decretar as referidas medidas, já que recentemente têm sido divulgados relatos de que no último Natal o seu executivo realizou inúmeras comemorações festivas, mesmo com a proibição sanitária que existia sobre estas.