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Meio pássaro e meio dinossauro: fósseis ajudam a reconstruir o elo entre as duas espécies

(dr) Michael Hanson e Bhart-Anjan Bhullar

Ilustração da ave primitiva Ichthyornis

Investigadores encontraram novos fósseis que dão novas pistas sobre a história evolutiva das aves.

Quatro novos fósseis da espécie Ichthyornis dispar – uma ave marinha primitiva que viveu há cerca de 85 milhões de anos num mar interior que dividiu a América do Norte – ofereceram provas surpreendentes do lugar importante que esta ave desempenhou na história evolutiva das aves.

Segundo o Público, esta ave marinha ostentava uma mistura de características dos seus antepassados dinossauros e das aves modernas. A Ichthyornis dispar viveu no período Cretáceo e tinha bico, dentes e um estilo de vida semelhante ao das gaivotas modernas.

Estes não foram os primeiros fósseis encontrados desta espécie. Os primeiros foram descobertos no século XIX na América do Norte, mas os mais recentes, encontrados em depósitos de calcário no Alabama e no Kansas (Estados Unidos), revelam muito mais do que aquilo que se sabia até agora.

Os cientistas afirmam que estas aves evoluíram a partir de pequenos dinossauros emplumados. A Ichthyornis dispar tinha um voo forte, um corpo ágil e adaptado ao voo tal como as aves modernas, explica o paleontólogo Bhar-Anjan Bhullar, da Universidade de Yale (Estados Unidos) e um dos autores do artigo científico, publicado na Nature.

“Apesar da modernidade do corpo e asas, conservou quase todos os dentes dos dinossauros e tinha uma mordida forte com os grandes músculos da mandíbula como os dinossauros. Contudo, percecionava o mundo e encarava-o como uma ave, com olhos enormes e amplos olhos das ave e um cérebro de aparência moderna”, acrescenta Bhullar.

Ao contrário das aves mais primitivas, como a Confuciusornis, a Ichthyornis dispar tinha um bico mais pequeno – o primeiro que se conhece com características modernas, tal com a ponta de uma pinça para agarrar, dar bicadas e manusear objetos.

“Os seus dentes afiados auxiliaram-na a agarrar as presas marinhas escorregadias, enquanto o bico incipiente na ponta das mandíbulas permitiu manipular objetos com uma boa destreza tal como as aves modernas, assim como alisar as suas penas”, explicou Daniel Field, paleontólogo na Universidade de Bath (Reino Unido).

Esta ave tinha cerca de 60 centímetros de envergadura de asas e comia, provavelmente, peixe e marisco. Partilhava os céus com os pterossauros quando os dinossauros dominavam a Terra. As aves com dentes, como a Ichthyornis dispar, desapareceram com os dinossauros devido à queda de um meteorito no Iucatão, no Golfo do México.

“A Ichthyornis mostra como a evolução é complexa e elegante, permitindo mudanças individuais e integrando enormes transformações”, conclui Bhart-Anjan Bhullar.

ZAP //

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