Gritar com o seu filho só piora a situação. O cérebro explica

Cortisol, raciocínio, até a memória: há momentos em família que afectam claramente a cabecinha dos mais novos.

Nos comentários a este artigo, que apareça a mãe – ou pai – que nunca gritou com o filho. Nem uma vez.

É uma atitude frequente. Ou porque a criança passou mesmo dos limites, ou (sobretudo isso) porque os pais estão cansados, ou com outro problema qualquer que nada tem a ver com o filho.

Mas fica a pergunta: o que acontece do outro lado? O que acontece no cérebro da criança que ouve os gritos?

O neuropsicólogo Aldrich Chan responde a essa pergunta. E divide a resposta em quatro aspectos, no portal PureWow.

O primeiro ponto: cortisol. A produção sobe para níveis muito altos devido ao momento de stress. Quando a resposta ao stress é activada, é libertado cortisol e várias regiões do cérebro são afectadas – e não de uma forma positiva).

O segundo ponto: a criança deixa de raciocinar. O córtex pré-frontal, responsável por tomadas de decisão e regulação emocional, é afectado. A criança deixa de pensar racionalmente e de tomar decisões ponderadas. Ou seja… em vez de ajudar, complica – fica ainda mais difícil a criança tomar uma decisão sensata. Sobretudo se os gritos forem uma rotina, que podem alterar a estrutura cerebral e levar a alterações a longo prazo no desenvolvimento do cérebro.

Terceiro aspecto: memória. O hipocampo, associado à aprendizagem e à memória, também é afectado. A formação de novas memórias e a recuperação das existentes podem sofrer um impacto. Os cérebros das crianças têm uma plasticidade acentuada porque estão a desenvolver-se a um ritmo acelerado; por isso, os efeitos do stress crónico causado por gritos podem ser ainda mais pronunciados.

Quarto problema: desregulação do humor. No tronco cerebral há núcleos da rafe, que produz serotonina (substância química que regula o humor), que são igualmente “atingidos” pelo cortisol extra. Gritar pode afectar o equilíbrio dos neurotransmissores no cérebro. Mais uma vez, a situação piora com os gritos: se a regulação do humor muda, é natural que o comportamento da criança também se altere.

Concluindo, o neuropsicólogo avisa que os gritos podem criar nas crianças instabilidade emocional, dificuldade em formar relações de confiança, aumento da agressividade, desafio, impulsividade e problemas de atenção.

“Essas mudanças não são necessariamente permanentes, mas podem exigir intervenção e apoio para tentar suavizar”, continuou Aldrich Chan.

Mantenhamos a calma – sempre que possível.

ZAP //

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