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GreenAnt usa o “Batman” do reino animal para travar a desflorestação

Aulia Erlangga / Center for International Forestry Research

Desflorestação ena ilha de Sumatra, na Indonésia

A GreenAnt está a mudar o mercado de compensação de carbono e a travar a desflorestação, tudo graças à ajuda de uma formiga com “superpoderes”.

O aquecimento global é, como o próprio nome indica, um problema a nível mundial. É com base neste princípio que o mercado de compensação de carbono funciona: não importa onde a redução das emissões de gases com efeito de estufa é feita; o importante é que seja feita.

Por muito que se reduzam as emissões de dióxido de carbono, há uma percentagem que é inevitável. Como tal, é possível compensar estas emissões graças a um mercado que promove o intercâmbio entre quem gera créditos de carbono por reduzir emissões e quem precisa de compensar as suas emissões residuais. Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de gás carbónico.

O problema é que, muitas vezes, o mercado de compensação de carbono é altamente suscetível a um fenómeno conhecido como greenwashing, em que empresas “maquilham” os seus produtos para dar a ideia que são ecológicas, quando, na realidade, não o são.

É aqui que entra a GreenAnt, empresa fundada por Mario Edoardo Simmaco, com quem o ZAP esteve à conversa na Web Summit, em Lisboa.

Na GreenAnt, em vez de vender a quantidade de carbono que uma árvore sequestra na forma de um certificado, a capacidade da árvore de sequestrar carbono é alugada através de um token desenvolvido com a tecnologia blockchain.

Desta forma, a GreenAnt consegue monitorizar a capacidade de sequestração de carbono de cada árvore. Esta tecnologia é usada para transformar a árvore numa criptomoeda. Assim, um utilizador compra a criptomoeda GreenAnt, que equivale a uma árvore, e cuja capacidade de retenção de carbono pode ser consultada a qualquer hora, explica Mario.

“Os investidores estão basicamente a alugar uma árvore e, durante a sua vida útil, a árvore criará constantemente mais e mais compensações de CO2. Portanto, compra uma árvore NFT e, mais tarde, vai obter mais e mais moedas porque a árvore está a crescer e sequestra mais carbono”, explicou Chiara Schulte, a gestora de compensação de carbono da empresa.

“Estamos a tentar evitar a desflorestação e promover a reflorestação. Estamos a fazê-lo através da agricultura”, acrescentou Chiara.

A solução encontrada está numa formiga muito especial, conhecida como formiga verde (Oecophylla smaragdina). Esta espécie é principalmente encontrada na África Oriental, Austrália e Sudeste Asiático.

“Estas formigas têm superpoderes. São como o Batman”, atirou Mario com um sorriso nos lábios.

Rushen / Wikimedia

Formiga verde (Oecophylla smaragdina).

Na Tailândia, a formiga verde já é mais do que conhecida. É considerada uma autêntica iguaria, podendo custar três vezes mais do que carne. É também uma fonte sustentável e barata de proteína, tanto para humanos como para animais. Além disso, a formiga verde pode ser usada como uma alternativa a pesticidas, que são caros e em alguns casos nocivos para a saúde.

A GreenAnt ensina os agricultores a usarem estas formigas e ajudam-nos na plantação das árvores. É um cenário lucrativo para os pequenos agricultores, que ganham o know-how, ficam com as colheitas das árvores e ainda com as formigas que podem ser vendidas nos mercados locais.

“O que precisamos do agricultor em troca são dados diários sobre o estado de saúde das árvores e o estado de saúde dos funcionários para mostrar às pessoas que estão a comprar as árvores. Estamos a tentar dar aos nossos investidores ou pessoas que compram esta árvore NFT todos os dados acessíveis para termos credibilidade. Podemos garantir ao nosso investidor que a árvore em que está a investir ainda está viva”, explicou Chiara ao ZAP.

Daniel Costa, ZAP //

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