Um novo método de análise geológica estuda a zirconita presente na areia e permite descobrir a idade dos grãos e como a superfície da Terra evoluiu.
Os grãos individuais de areia numa praia dizem-nos muito sobre a História do nosso planeta. Num novo estudo publicado na Earth and Planetary Science Letters, os autores desenvolveram uma nova métrica que determina a “impressão digital da distribuição da idade” da zirconita presente na areia.
Esta impressão digital revela dados sobre a evolução da superfície da Terra ao longo de milhares de milhões de anos, nota o Science Alert. A zirconita é um mineral que desperta o interesse dos geólogos porque pode ser formado quando os continentes embatem uns nos outros e cada cristal pode ter milhares de milhões de anos.
A durabilidade da zirconita torna-a também resistente à erosão geológica, com cada sedimento a guardar muita informação. A nova técnica permite que os cientistas determinem que eventos de geração de montanhas estavam a acontecer nas eras que antecederem o depósito do banco de sedimentos.
Desta forma, vai ser possível descobrir com a Terra desenvolveu uma biosfera habitável e o novo método abrirá a porta ao estudo de períodos anteriores aos métodos atuais de análise geológica.
Outra vantagem da nova técnica é que pode ser usada para entender os movimentos tectónicos quando a idade do depósito do sedimento não é conhecida, algo que é um obstáculo comum para os cientistas.
A equipa testou o novo método com três estudos de caso que o comprovaram, debruçando-se sobre sedimentos na América do Sul, no leste da Antártida e na Austrália ocidental.
“Por exemplo, os sedimentos nas costas ocidentais e de leste da América do Sul são completamente diferentes porque há muitos grãos jovens no lado ocidental que foram criados de crostas que mergulharam debaixo do continente, causando terramotos e vulcões nos Andes. Na costa leste, tudo é relativamente calmo geologicamente, e há uma mistura de grãos antigos e jovens recolhidos de uma diversidade de rochas ao longo da bacia amazónica”, revela o geocronologista Chris Kirkland.
O novo método confirmou o que já se sabia sobre estes sítios e pode ainda ser usado para se reanalisar dados de estudos mais antigos.