Uma nova investigação, que contou com cientistas da Universidade do Arizona e da Pensilvânia, nos Estados Unidos, sugere que a dependência de milho, bem como a intensificação da sua produção e as sucessivas secas podem ter ditado o fim da antiga civilização maia.
Os especialistas analisaram os restos mortais de 50 membros da antiga comunidade maia de Cahal Pech, em Belize, que atravessou vários momentos de seca entre o período Pré-Clássico Médio (735-400 a.C) e o Clássico Tardio (800-850 d.C.).
A equipa estudou os valores de isótopos estáveis de carbono e nitrogénio presentes nos colágeno ósseo – molécula nos ossos – dos restos mortais, visando determinar como é que as dietas alimentares deste povo mudaram com o passar do tempo.
De acordo com um comunicado difundido pelo Science Daily, a análise revelou que tanto os indivíduos da elite como os plebeus tinham uma dieta diversificada. Para além do milho, que era parte importante da alimentação, os maias comiam plantas silvestres e animais.
Foi esta mesma diversidade, segundos os cientistas, que lhes permitiu “amortecer” uma das primeiras secas que assolou a região durante séculos entre 300-100 a.C. Contudo, a adaptação deste povo antigo mudou radicalmente entre 750 e 900 d.C.
“O crescimento das hierarquias sociais e a expansão da população levaram à intensificação da produção agrícola e ao aumento da dependência do milho”, escreveram os cientistas no novo estudo cujos resultados foram recentemente publicados na revista científica especializada Current Anthropology.
O facto de a dieta se ter tornado mais dependente de milho pode justificar a sua extinção, de acordo com os resultados da investigação. Apesar de esta ter sido uma cultura pouco resistente à seca, a procura da elite para produzir este alimento “foi um fator que contribuiu para o fracasso do sistema sócio político de Cahal Pech face a outra seca severa no final do Clássico Tardio”, explicaram os cientistas.
“O estudo fala sobre a importância da mudança climática e o declínio das sociedades antigas e contribui para a nossa compreensão da vulnerabilidade às mudanças climáticas entre as comunidades agrícolas tradicionais e as nações industrializadas”, disse, citada na mesma nota, a autora principal do estudo, Claire Ebert.
O problema da escassez de milho provocava a diminuição da produção de cerveja e isso teve um impacto severo no equilíbrio social.