“Frisson”: esta playlist provoca arrepios (literalmente)

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“Orgasmo na pele” descreve “aquela” sensação eletrizante quando toca “aquela” música. Os neurocientistas explicam-na — e juntaram 715 faixas para provar que o efeito é real.

Há músicas e álbuns que têm efeitos inexplicáveis nas nossas sensações e sentimentos, mas a Ciência comprova que algumas podem mesmo causar uma resposta psicológica extremamente intensa — um efeito que conhecemos como “frisson”.

É aquele momento de uma canção que mexe connosco e transmite uma espécie de energia até à nossa espinha. Para uns, é um riff de Jimi Hendrix, para outros, os desabafos de Taylor Swift… de qualquer forma, é mais um traço que une os amantes da música.

“Frisson” é o nome científico que descreve esse momento “eletrizante” — uma sensação súbita de excitação, emoção e adrenalina.

É um efeito que não deriva apenas da música: um lindo pôr-do sol, uma pintura, poesia, os momentos críticos de um filme ou série e até o desvendar de uma impactante verdade podem despoletar as suas propriedades, conclui um estudo publicado no Plos One.

Sabendo que o cocktail de sensações é geral, uma equipa de neurocientistas preparou a seguinte playlist composta por 715 faixas de arrepiar:

“Orgasmo na pele”. É assim que é descrita a “piloereção” provocada pelo frisson, num estudo publicado na Frontiers. A experiência tem mesmo, segundo os investigadores, “componentes biológicos e psicológicos semelhantes ao orgasmo sexual”.

Outros investigadores vão mais longe, defendendo que devem ser abrangidos na definição outros efeitos poderosos, como lágrimas, tensão muscular e aquele sentimento de garganta “entalada” — como se lá estivesse um caroço — que todos experienciamos em momentos mais vulneráveis.

Mas afinal, porque é que o frisson atinge a nossa pele em momentos tão específicos?

Cinco teorias que explicam o “orgasmo na pele”

A maioria dos especialistas concorda, segundo o Big Think: está de alguma forma relacionado com a nossa necessidade de compreender o que nos rodeia, mas as vantagens biológicas e evolucionárias do efeito não são conhecidas.

Uma teoria culpa o contraste e a sua influência no nosso estado de espírito, sugere o musicologista David Huron.

“Se nos sentirmos mal inicialmente, e depois nos sentimos bem, o sentimento positivo tende a ser mais forte do que se a boa experiência tivesse ocorrido sem preceder um mau sentimento”, explica o autor em trabalho publicado pela Sociedade de Ciência Cognitiva.

O fator antecipação também é poderoso, especialmente nas músicas que já conhecemos: sabemos quando vai chegar “aquela parte” e, por isso, de certa forma, já sabemos o que vamos sentir, impulsionando o arrepio.

Mas há ainda uma outra explicação — o poder das nossas expectativas, que é atingido de frente e repentinamente pela imprevisibilidade de certas músicas. Treinados para antecipar o que vai acontecer nos próximos instantes da nossa vida, somos surpreendidos pela oscilação inesperada que a música nos traz.

A quinta e final teoria é a mais simples e prende-se, única e simplesmente, ao poder que o grito humano tem sobre nós; à maneira como conseguimos identificar-nos com alguém que ouvimos, sem escrúpulos, confessar-se perante um microfone.

O poder da música consegue ser arrepiante.

Tomás Guimarães, ZAP //

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