Foi encontrada a parte do cérebro que lhe permite ler este artigo

Foi identificada uma área específica do cérebro que parece desempenhar um papel crítico no processo de se tornar conscientemente ciente de algo.

A consciência tem sido um tema desafiador e intrigante para cientistas e filósofos. Existe uma diferença entre aquilo que o cérebro capta e o que temos consciência de captar.

Recentemente, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Universidade da Califórnia, Berkeley, fizeram uma descoberta que deu mais umas pistas acerca do funcionamento da consciência humana.

O estudo, publicado na semana passada na Cell Reports, revela que foi detetada atividade cerebral contínua na região occipitotemporal do córtex visual, na parte de trás do cérebro.

Embora esta atividade tenha caído para cerca de 10-20% do seu nível cerca de 300 milissegundos após um estímulo visual original, o padrão de atividade permaneceu, enquanto o estímulo era observado.

A atividade persistia, mesmo depois do estímulo visual original ter cessado, o que contrastou com outras regiões cerebrais onde a informação desapareceu muito mais rápido.

Segundo o psicólogo Leon Deouell, esta representação estável pode fornecer a base neural para a perceção estável ao longo do tempo, mesmo que o nível de atividade esteja sempre a mudar.

A investigação centrou-se não apenas no ato de notar alguma coisa, mas também na consciência de notar – ou notar que estamos a notar – essa coisa: à medida que a imagem visual mudava, a atividade cerebral registada também mudava.

O estudo incidiu em dez pacientes com epilepsia que tinham elétrodos instalados no crânio. Ao longo do tempo, os elétrodos foram fornecendo uma medida mais precisa da atividade cerebral.

Os resultados da investigação sugerem que a atividade sustentada no córtex visual pode ser reenviada para o córtex pré-frontal – parte do cérebro responsável pela gestão de pensamentos e ações.

Apesar de ainda existirem muitas incertezas em relação ao papel exato desta atividade no processo de consciência, a pesquisa trouxe uma nova peça para o “puzzle da consciência”, como disse o psicólogo Robert Knight da UC Berkeley.

Além disso, deu pistas sobre condições neurológicas como a negligência unilateral, que resulta de danos no hemisfério cerebral, após um AVC, e faz os pacientes terem apenas perceção de metade de uma ‘cena’, apesar de, emocionalmente, reagirem à ‘cena’ completa.

“Compreender isso ajudar-nos-ia eventualmente a entender o que falta no sistema cognitivo e nos cérebros dos pacientes que têm este tipo de síndrome”, concluiu Leon Deouell, da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Miguel Esteves, ZAP //

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