O Flying Flapjack foi o primeiro disco voador do mundo. Feito para revolucionar a tecnologia da II Guerra Mundial. Só que já não chegou a tempo. Graças a isso, foi esquecido. Mas não houve desperdício tecnológico. Agora, os VTOL agradecem.
Em 1930, Charles H. Zimmerman (1908-1996) tirou os cursos de Engenharia Eletrotécnica e de Design de Aeronaves, na Universidade do Kansas (EUA).
Zimmerman tinha uma aptidão notável para criar aviões e juntou-se ao Comité Consultivo Nacional para a Aeronáutica (NACA) e à empresa Chance Vought Aircraft.
Uma coisa que lhe despertava particular interesse foi a ideia de aviões discoidais – aquilo que é mais popularmente conhecido como discos voadores.
Como lembra a New Atlas, as máquinas voadoras de asas circulares foram inicialmente pensadas pelo cientista e filósofo sueco Emanuel Swedenborg, que projetou uma nave de forma elíptica em 1714. No entanto, esse projeto nunca passou da fase de desenho.
Zimmerman, que sempre sonhou com construir um avião com asa circular materializou a ideia de Swedenborg; graças a um presente da Marinha.
Após uma série de tentativas falhadas internamente, a Defesa dos EUA concedeu à Chance Vought um contrato para construir um protótipo de demonstração voador em tamanho real, designado Vought V-173 – popularizado como Flying Flapjack.
O objetivo era criar um novo avião de combate, com um potencial de alta velocidade que fosse adequado para operações baseadas em porta-aviões.
Era uma ideia tão arrojada que todo o projeto foi considerado ultrassecreto. Graças ao secretismo em volta deste avião, os avistamentos dos Flapjacks Voadores produziram uma série de relatos de avistamentos de OVNIs pelo público.
O voo inaugural do V-173 foi feito a 23 de novembro de 1942.
O V-173 era impressionante com a sua asa/fuselagem circular de 7,1 metros de largura construída em madeira e tecido, e um casco de 1.211 kg; atingindo uma velocidade máxima no ar de 222 km/h e autonomia de 322 km.
Como detalha a New Atlas, entre 1942 e 1943, o V-173 voou 190 vezes.
Enquanto “arma de guerra”, o V-173 tinha a capacidade de fazer curvas apertadas, graças a uma asa circular que o tornava ultra-manobrável. Noutras “frentes”, conseguia também ser extraordinariamente estável e controlável.
Mas os EUA precisavam de mais
Apesar de o V-173 se ter mostrado muito promissor, não era verdadeiramente um caça de guerra que os EUA precisavam.
Por isso, em 1944, a Marinha encomendou o Vought XF5U Flying Flapjack – uma versão melhorada do V-173, destinado a ser um verdadeiro avião de combate.
O XF5U tinha a mesma estrutura circular e de baixa relação de aspeto do seu antecessor, mas era maior, mais forte e com um desempenho mais avançado.
O derradeiro Flying Flapjack, com uma envergadura de apenas 9,85 metros, podia transportar canhões, bombas ou tanques de lançamento.
Embora o XF5U nunca tenha feito grandes voos (só em pequenos testes), a velocidade máxima estimada era de 684 a 885 km/h, com alcance de cerca de 1.600 km.
Guerra acabou (com o sonho do disco voador)
Mas o XF5U nunca chegou a estar pronto para a II World War. E o fim da Guerra ditou também o fim dos esforços para a finalização deste avião revolucionário.
Em 1947, apenas um protótipo estava concluído, mas o projeto continuava a ter problemas. Isto suscitou preocupações em termos de segurança de voo e, como conta a New Atlas, o plano passou por ser transferir o projeto de Connecticut para a Base da Força Aérea de Edward, na Califórnia.
No entanto, o avião era demasiado largo para ser transportado por estrada e não podia ser desmontado. Uma vez que a alternativa era enviá-lo para a Califórnia através do Canal do Panamá, (e já que o avião não teve sequer oportunidade) a ideia foi caiu por terra. O projeto foi cancelado a 17 de março de 1947.
Como escreve a New Atlas, para um avião tão estranho, o Flying Flapjack teve um fim igualmente estranho. Se tivesse estado pronto alguns anos antes, poderia ter revolucionado a guerra aérea na II Grande Guerra.
Na altura, os chefes da Marinha entraram em pânico. Havia uma grande pressão no pós-guerra para cortar drasticamente as despesas militares. O único protótipo XF5U foi mandado destruir sem cerimónias.
Safou-se o V-173. A construção das suas asas era tão forte que a Marinha não conseguiu destruí-lo. Entretanto, o disco voador acabou por ser doado ao Instituto Smithsonian e está atualmente em exposição no Museu Frontiers of Flight em Dallas, Texas.
Apesar deste desfecho, não houve desperdício tecnológico. O visionário Zimmerman continuou a trabalhar numa série de conceitos de aeronaves – que, hoje em dia, permitem a existência dos revolucionários VTOL e STOL.