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Exame de sangue deteta reaparecimento de cancro com um ano de antecedência

U.S. Navy / Wikimedia

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Um grupo de médicos britânicos conseguiu identificar o reaparecimento de um cancro um ano antes dos exames tradicionais, o que deverá permitir aos médicos tratar o tumor mais cedo, aumentando as hipóteses de cura.

A equipa conseguiu detetar sinais de cancro quando este era apenas um pequeno conjunto de células invisíveis a raios-X e tomografias. O foco da investigação foi o cancro de pulmão, mas os processos estudados são tão básicos que as descobertas podem ser aplicadas a outros tipos de cancro.

O cancro de pulmão é o que mais mata no mundo, e o principal objetivo do estudo era acompanhar o seu desenvolvimento – a ponto de se espalhar por todo o corpo.

Uma equipa do Instituto Francis Crick, em Londres, analisou, então, o ADN defeituoso de tumores em pulmões, removidos durante cirurgias, para obter um “mapa genético” do cancro de cada paciente. A cada três meses, foram realizados exames de sangue para verificar se tinham reaparecido pequenos vestígios do ADN do cancro.

Os resultados, divulgados na revista científica Nature, revelaram que o reaparecimento do cancro pode ser identificado cerca de um ano antes do prazo que é definido através dos métodos atuais.

Esperança

Para Cristopher Abbosh, do Instituto de cancro UCL, em Londres, esta descoberta é significativa. “Podemos identificar os pacientes que devem realizar o tratamento mesmo que ainda não exista qualquer sinal clínico da doença”, destacou o especialista.

“Isto representa uma nova esperança para combater o regresso do cancro de pulmão após a cirurgia, algo que acontece em cerca de metade dos pacientes”, afirmou.

Este novo método foi eficiente em 13 dos 14 pacientes que apresentaram sinais de reaparecimento do cancro nos pulmões, e ajudou a identificar os indivíduos que já não tinham quaisquer indícios da doença. No entanto, são necessários mais testes para confirmar a eficácia do método.

Evolução

O exame de sangue é, na realidade, a segunda grande descoberta feita pelos cientistas envolvidos num vasto projeto de investigação sobre o cancro. A primeira descoberta foi sobre o papel da instabilidade do ADN na reincidência do cancro.

A equipa do Instituto Francis Crick mostrou que os tumores que apresentavam um grande “caos cromossómico” – a capacidade de remodelar facilmente grandes quantidades de ADN para alterar milhares de instruções genéticas – tinham mais hipóteses de voltar.

“Uma célula cancerígena pode alterar o seu comportamento rapidamente e ganhar ou perder cromossomas ou partes de cromossomas”, adiantou o cientista Charles Swanton.

Este sistema permite que o tumor desenvolva resistência aos medicamentos, a capacidade de se esconder do sistema imunológico e de se deslocar para outros tecidos.

Segundo os cientistas, o novo estudo poderá ser útil para o desenvolvimento de medicamentos que possam suspender essa “instabilidade dos cromossomas”.

“Espero que sejamos capazes de desenvolver novas formas de reduzir a capacidade de evolução de tumores – e quem sabe até fazer com que as células cancerígenas parem de se adaptar”, destacou Swanton.

ZAP // BBC

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