Um novo estudo sugere que a evolução humana já não está estritamente ligada aos genes e supõe que a cultura pode estar a conduzir a evolução mais rápido do que as mutações genéticas.
Tendo em conta as conclusões apresentadas no novo estudo, a evolução já não requer mutações genéticas, que conferem uma vantagem de sobrevivência.
Contrariamente, os comportamentos aprendidos ao longo da vida, e transmitidos pela cultura, são as “mutações” que vão fornecendo vantagens de sobrevivência. A isto se chama “evolução cultural” que agora pode moldar o destino da humanidade de uma forma mais intensa do que a seleção natural, argumentam os autores do estudo.
“Quando um vírus ataca uma espécie, normalmente esta torna-se imune a esse vírus através da evolução genética”, disse ao Live Science o coautor do estudo Zach Wood, que sublinha que este método funciona lentamente, pois as pessoas que são mais suscetíveis acabam por morrer e só aqueles que sobrevivem conseguem transmitir os seus genes.
No entanto, nos dias que correm a maioria dos seres humanos já não precisa de se adaptar geneticamente a essas ameaças, uma vez que a ciência – que se trata de conhecimento humano – tem vindo a desenvolver vacinas, e outros métodos científicos, que constroem “mutações” acumuladas do conhecimento cultural.
Ao desenvolver vacinas, a cultura humana melhora o seu “sistema imunológico” coletivo, refere o coautor do estudo Tim Waring, sendo que desta forma, a evolução cultural pode levar à evolução genética.
O conceito de evolução cultural começou com o próprio pai da evolução. Charles Darwin defendeu que os comportamentos podiam evoluir e ser transmitidos aos filhos da mesma forma que os traços físicos, mas os cientistas da sua época acreditavam que as mudanças nos comportamentos eram herdadas.
Agora, Waring e Wood argumentam, no seu novo estudo, publicado a 2 de junho na revista Proceedings of the Royal Society B, que em algum momento da história humana, a cultura começou a arrancar o controlo evolucionário do ADN.
Assim sendo, os cientistas defendem que atualmente a mudança cultural está a permitir que a espécie humana evolua de uma forma que a mudança biológica por si só não conseguiria.
Segundo os autores do estudo, a cultura é orientada para o grupo e as pessoas nesses grupos conversam, aprendem e imitam-se umas às outras. Assim, esses comportamentos de grupo permitem que os indivíduos transmitam as adaptações que aprenderam através da cultura de uma forma mais rápida do que os genes.
Como exemplo, os investigadores frisam que um indivíduo tem capacidade para captar informações num número quase ilimitado e pode espalhar esse conhecimento a muitas outras pessoas.
Os especialistas referem então que grandes grupos de aprendizagem têm capacidade para resolver problemas mais rápido do que grupos menores, e a competição entre estes estimula as adaptações que podem ajuda-los sobreviver.
Em contraste, uma pessoa só herda informações genéticas de duas pessoas (pai e mãe) o que causa relativamente poucas mutações aleatórias nos seus óvulos ou espermatozoides, o que leva cerca de 20 anos para ser transmitido a um pequeno grupo de filhos. Os autores do estudo consideram por isso que este ritmo de mudança é muito mais lento.
É possível, sugerem os investigadores, que o surgimento da cultura humana represente um marco evolutivo fundamental.
“No longo prazo, sugerimos que os humanos estão a evoluir de organismos genéticos individuais para grupos culturais que funcionam como super-organismos, semelhantes a colónias de formigas e colmeias”, remata Waring em comunicado.
Não sei o que me desagrada mais.
Se, a tendência para nos tornarmos um superorganismo colectivo, tipo colmeia, ou deixar que os extremistas veganos tenham argumentos para explicar a compatibilidade de dentes caninos em animais herbívoros