Click, click, boom! 150 novas moléculas

ZAP // NightCafe Studio

Uma equipa de investigadores do Cold Spring Harbor Laboratory (CSHL) criou uma nova coleção de compostos moleculares — que estão a ser testados como potenciais pistas na procura de novos medicamentos.

Entre estas moléculas, os investigadores encontraram várias que se revelam promissoras no desenvolvimento de antibióticos e terapias contra o cancro.

Parece um “momento eureka“? Mais ou menos, mas é seguramente mais um exemplo de como a química se pode tornar simples.

Os novos compostos foram sintetizados usando uma nova forma eficiente de ligar moléculas, desenvolvida no laboratório do professor John Moses, investigador da CSHL, que chama ao seu inovador processo “Accelerated SuFEx Click Chemistry” (ASCC).

A “Click Chemistry”, ou Química Click, em português, é um termo cunhado em 2001 pelo químico K. Barry Sharpless, mentor de Moses, para descrever um conjunto de reações químicas poderosas, eficientes, e frequentemente muito seletivas, que ocorrem rapidamente e sob condições brandas.

A ideia da Química Click é simular a eficiência e especificidade das reações químicas que ocorrem na natureza, como as encontradas em processos biológicos, mas num contexto de laboratório ou industrial.

A abordagem de John Moses é um dos mais recentes avanços neste domínio, que valeu a Sharpless, em 2022, o Prémio Nobel da Química.

A “Química Click” junta rapidamente moléculas para criar novas estruturas complexas, o que permite aos produtores de medicamentos reunir um grande número de compostos para exploração posterior.

Com o Accelerated SuFEx, a “química click” consegue gerar mais compostos em menos etapas e com rendimentos mais elevados. “Se conseguimos criar moléculas, podemos testá-las”, explica Moses em comunicado da CSHL. “E com esta tecnologia, podemos fazê-las rapidamente.”

Moses e a sua equipa utilizaram a ASCC para criar mais de 150 novos compostos individuais, incluindo derivados de moléculas naturais complexas. No passado, os investigadores poderiam demorar meses a conseguir gerar e purificar uma tal variedade de moléculas.

CSHL

O prémioNobel da Química K. Barry Sharples com o autor do estudo, John E. Moses

A equipa de Moses conseguiu ter as suas moléculas prontas em poucos dias. Em seguida, os investigadores testaram estas novas moléculas em células cancerígenas e em estirpes de bactérias resistentes a medicamentos.

Num conjunto de experiências, Joshua Homer, investigador do laboratório de Moses, sintetizou um conjunto de moléculas que eram semelhantes a um composto anti-cancro chamado combretastatina A4.

Homer descobriu que 2 das novas moléculas podiam matar células cancerígenas que normalmente resistem à quimioterapia padrão. Estas moléculas poderão um dia conduzir a uma solução para tipos de cancro da mama e do pâncreas difíceis de tratar.

Os investigadores criaram também moléculas que se assemelhavam a um antibiótico chamado dapsona, e verificaram que algumas destas moléculas eram eficazes contra bactérias resistentes ao antibiótico

“O ASCC pode ajudar os químicos a reestruturar outros antibióticos complexos para ultrapassar as defesas resistentes dos agentes patogénicos”, diz Homer.

“Esta é apenas uma forma de encontrar a função. É sempre possível melhorar e otimizar as coisas. Mas vamos lá chegar o mais rapidamente possível“, resume John Moses.

Os resultados do estudo foram apresentados num artigo publicado esta quinta-feira na revista Chemical Science.

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