Casamento entre primos era comum na Grécia antiga

Wellcome Images / Wikimedia

Reconstrução da fachada do templo de Asclépio, em Epidauro, na Grécia Antiga

Na idade de Bronze, era comum entre os gregos casarem-se com os primos em primeiro grau, revelou um novo estudo. A investigação é a primeira a espreitar por trás das cortinas dos matrimónios da Grécia antiga, através da análise do material genético presente em ossos humanos.

De acordo com o estudo, publicado recentemente na Nature Ecology and Evolution, em cerca de 30% dos indivíduos do mar Egeu estudados foram encontrados marcadores genéticos que sugeriam que estes eram descendentes de duas pessoas da mesma família, neste caso de primos em primeiro ou segundo grau.

Segundo os autores, citados pelo IFL Science, esta é uma descoberta “sem precedentes”, que revela “uma prática cultural não testada no registo arqueológico”.

“Mais de mil genomas antigos de diferentes regiões já foram publicados, mas parece que um sistema tão rigoroso de casamento entre familiares não existia em qualquer outro lugar do mundo antigo”, disse o investigador Eirini Skourtanioti, o principal autor do estudo.

A descoberta foi “uma completa surpresa para todos e levanta muitas questões”, indicou ainda.

“Isolamento geográfico, stress patogénico endémico, integridade da terra herdada” são fatores que, historicamente, podem tornar as uniões entre primos mais favoráveis, indicaram os autores. Neste caso específico, referiram, a agricultura pode ter desempenhado um papel importante.

“Talvez esta tenha sido uma forma de evitar que as terras agrícolas herdadas fossem cada vez mais divididas. Em qualquer caso, garantiu uma certa continuidade da família num só lugar, o que é um pré-requisito importante para o cultivo da azeitona e do vinho”, por exemplo, indicou Philipp Stockhammer, outro dos autores do estudo.

o que é certo é que “a análise de genomas antigos continuará a fornecer-nos no futuro novos e fantásticos conhecimentos sobre estruturas familiares antigas”, acrescentou Eirini Skourtanioti.

Numa das fases do estudo, a equipa foi também capaz de mapear a árvore genealógica de uma família micénica pela primeira vez.

Analisando os ossos encontrados numa sepultura infantil do fim da Idade de Bronze, os investigadores descobriram o parentesco entre sete bebés – seis eram filhos e netos de um casal. O sétimo era, possivelmente, um primo em primeiro grau. Embora seja uma árvore genealógica pequena, é a primeira do género reconstruída através da análise ao material genético dos ossos em toda a antiga região mediterrânica.

ZAP //

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