Uma equipa internacional de astrónomos descobriu um poderoso vento magnético giratório que pode estar a ajudar o buraco negro supermassivo central de uma galáxia a crescer.
Os astrónomos decidiram analisar a galáxia ESO320-G030, a apenas 120 milhões de anos-luz de distância, que, por ser muito ativa, forma estrelas dez vezes mais rápido do que a nossa galáxia.
“Como esta galáxia é muito luminosa no infravermelho, os telescópios podem desmistificar certos detalhes no seu centro. Queríamos medir a luz das moléculas transportadas pelos ventos do núcleo da galáxia, na esperança de traçar como os ventos são lançados por um buraco negro supermassivo em crescimento”, explicou Susanne Aalto, professora de Radioastronomia na Chalmers University of Technology, citada pelo EurekAlert.
“Ao utilizar o ALMA, conseguimos estudar a luz por detrás de espessas camadas de poeira e gás”,acrescentou a astrónoma
Para se concentrarem no gás denso próximo do buraco negro central, os cientistas estudaram a luz das moléculas de cianeto de hidrogénio (HCN).
Graças à capacidade do ALMA de obter imagens de detalhes finos e traçar movimentos no gás – utilizando o efeito Doppler – descobriram padrões que sugerem a presença de um vento magnetizado e rotativo.
Ao contrário de outros ventos e jatos no centro das galáxias, que empurram a matéria para longe do buraco negro supermassivo, este vento recém-descoberto alimenta o buraco negro e ajuda-o a crescer.
“Quando medimos a rotação, a massa e a velocidade do material que flui para fora, ficamos surpreendidos ao descobrir que poderíamos descartar muitas explicações para a força do vento, como a formação de estrelas, por exemplo.
Em vez disso, o fluxo para fora pode ser alimentado pela entrada de gás e parece ser mantido unido por campos magnéticos”, referiu Susanne Aalto.
No fundo, o material viaja à volta do buraco negro antes de cair. A matéria que se aproxima do buraco negro acumula-se num disco giratório e caótico e, lá, os campos magnéticos desenvolvem-se e ficam mais fortes.
Estes ajudam a afastar a matéria da galáxia, criando o vento em espiral. A perda de matéria para este vento também retarda a rotação do disco, o que significa que a matéria pode fluir mais facilmente para o buraco negro.
Para o investigador Mark Gorski, a forma como este fenómeno se desenrola faz lembrar um ambiente de escala muito menor no Espaço: os redemoinhos de gás e poeira que levam ao nascimento de novas estrelas e planetas.
“Está bem estabelecido que as estrelas nas primeiras fases da sua evolução crescem com a ajuda de ventos rotativos – acelerados por campos magnéticos, tal como o vento nesta galáxia”, salientou a astrónoma.
“As nossas observações mostram que buracos negros supermassivos e estrelas minúsculas podem crescer através de processos semelhantes, mas em escalas muito diferentes”, concluiu Susanne Aalto.
O artigo científico com as recentes descobertas foi publicado na Astronomy and Astrophysics.